"Ao ler a edição de domingo do jornal O Estado de S. Paulo, o deputado Luís Augusto Lara (PTB) ficou interessado em saber se as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia e o Exército de Libertação Nacional estão atuando em parceria com o governo do Estado e prefeituras de Porto Alegre, Pelotas, Caxias e Bento Gonçalves. Com base na reportagem “Farc e ELN divulgam idéias em escolas no Brasil”, Lara encaminhou ofício à secretária Lucia Camini e a secretários municipais de Educação. Em São Paulo estão sendo realizadas sindicâncias em escolas de Osasco.
No RS, o comandante Hernán Ramirez esteve na posse de Olívio e foi recebido em audiência reservada pelo governador. No Fórum Social, em janeiro, Javier Cifuentes circulou com desenvoltura, deu autógrafos e fez um discurso candente em tom revolucionário. Hernán e Javier circularam pelo Estado com codinomes diante dos olhares complacentes das autoridades.” (“Farc e ELN atuam nas escolas", artigo do Zero Hora, 25/7/01)
“As organizações que hoje fomentam o processo de ´globalização´ - FMI, Banco Mundial, OMC, G-7, OTAN - devem ser extintas.” (www.pt.org.br/teses/socialismooubarbarie.html). A “globalização” que não deve ser extinta, para o PT, é o total apoio às FARC. E, no caso do Rio Grande do Sul, do governador petista Olívio Dutra, a “globalização” prevê também o apoio de “escolas farcianas” ao Brasil. Pretende ele estabelecer a Farclândia também no Brasil?
Será que Ayra on ainda tem dúvida de qual PT eu e a maioria dos brasileiros queremos distância? Será que existe mesmo outro tipo de PT? Teria Lula-laite mesmo mudado da água para o mojito?
PT light?
Nas “Teses Finais” do Congresso Nacional do PT, realizado em novembro de 1999, há trechos que indicam que o PT está “hard” como sempre foi, longe de sua imagem “light” que tenta apresentar atualmente, com o “Lula-laite”. Vejamos alguns trechos, disponíveis em novembro de 2000, no endereço www.pt.org.br/congresso/cadernos.htm (revista “Veja”, 8/11/2000):
“Algumas medidas precisam ser tomadas... nacionalização das empresas estrangeiras existentes no território nacional; estatização de todas as empresas necessárias à posterior socialização das mesmas aos trabalhadores, nas formas de cooperativas, de unidades de economia solidária; adequação do sistema financeiro (totalmente estatizado).”
“O PT é parte do projeto socialista internacional.”
“A globalização da classe burguesa se dá através dos valores deles: o capital – o mercado. A nossa deve ser baseada na solidariedade entre os povos, ... no internacionalismo, já citado no famoso Manifesto: `Proletários de todos os países, uni-vos´” (O Manifesto citado é, como se sabe, o Manifesto Comunista, de Marx e Engels.)
“Mais do que nunca, o socialismo está na ordem do dia. Sem esse norte estratégico... as classes trabalhadoras perdem a condição de disputar a hegemonia na sociedade e o seu partido, o PT, perde a razão de existir.”
Como irá se comportar um Governo Lula, só Deus sabe. Há uma Constituição em vigor, a qual o PT deverá respeitar. Essa Constituição não prevê um Governo socialista, vale dizer, comunista, cuja doutrina é totalmente contrária à cultura brasileira, cristã em sua quase totalidade.
Por outro lado, como se comportará Lula se não obtiver maioria no Congresso? Com certeza, fará conchavos como qualquer outro governo, aqui ou no exterior, embora o PT apregoe: “O II Congresso do PT reitera que são seus parceiros, com os quais fazemos alianças, coligações e acordos eleitorais: o PC do B, o PSB, o PCB, o PDT e o PSTU. Estão liminarmente fora do nosso campo de alianças: o PSDB, PPB, PMDB, PFL, PTB, PSC, PL e todas as siglas partidárias que apoiam os governos neoliberais.”
O que, afinal, o PT pretende dizer com as afirmações que seguem? “O socialismo que buscamos é o do autogoverno dos trabalhadores, onde tenha sido eliminada o mercado e todas as categorias mercantis; e onde o Estado tenha desaparecido como aparato político autonomizado, suas funções sendo absorvidas pela sociedade auto-organizada. Portanto, defendemos a transformação revolucionária do Estado, em Estado socialista.” (www.pt.org.br/teses/socialismooubarbarie.html)
Uma coisa é certa: se Lula assumir o Governo e entregá-lo a seu sucessor (ou a ele mesmo), teremos finalmente conhecido o que vem a ser a verdadeira democracia. Hoje, Lula pode não ser o político mais bem preparado, intelectual e administrativamente. É, porém, de longe, o que tem maior base moral entre todos os candidatos a Presidente que até agora apareceram. Se eleito, resta saber se irá implementar o radicalismo das “Teses Finais” (como isso seria feito?) ou se vai apenas submeter-se ao jogo democrático.
Finalmente, um último lembrete: muitos dos que votaram em Marta Suplicy, para a prefeitura de São Paulo, votaram pela mudança, em protesto contra os desmandos da administração Pitta. Não votaram para que na cidade fossem implantadas as “Teses” do PT acima citadas.
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P.S. Eu não voto em partidos, voto no político. Em 1998, votei em Cristóvam Buarque, que tentava a reeleição para o Governo do Distrito Federal, porque ele promoveu duas revoluções no DF: a Bolsa Escola e a humanização no trânsito (com faixas exclusivas para pedestres). Por que não voto em partidos? Porque são todos iguais. Veja o caso do PT, cheio de teorias e boas intenções, porém atolado até o pescoço em denúncias, no RS e na prefeitura de São Paulo.
Para o PT, "se correr o ´bicho´ pega (RS), se ficar o lixo engole (SP)".