O sistema carcerário brasileiro é de uma diversidade tão rica que o torna um sistema ímpar no mundo. Temos cadeia de todos os tipos, para todos os gostos, clientes ou fregueses.
O legendário bicheiro Castor de Andrade quando tinha de passar uma temporada atrás das grades, pedia permissão ao Delegado titular e mandava dar uma reforma na cela e contratava um serviço de buffet para servir as refeições para todo pessoal da DP. Quando aparecia um advogado com um habeas-corpus ou uma liminar, toda a delegacia lamentava a soltura de tão nobre detento. A refeição voltava a ser aquela “gororoba” terrível e a classificação do xadrez caía de cinco estrelas para céu nublado.
Preso rico é outro departamento. O Luiz Estevão passava o dia tomando sol na PF em SP lendo livros do José Saramago e ainda teve o prazer de ser incomodado por uma vizinha boazuda que escalou o muro da carceragem para chamá-lo de lindo e gostoso. Isso tudo sem diploma de nível superior.
O “Rei das quentinhas”, no Rio de janeiro, que detinha o monopólio do fornecimento de quentinhas para o sistema penitenciário , ao ser preso , não aguentou comer do próprio produto e preferiu encomendar um quitute mais refinado em uma churrascaria.
As benesses da tecnologia também já chegaram aos nossos presídios. Celular agora é acessório obrigatório nas prisões. As facções já montaram até centrais de atendimento com telefonista 24 horas.
-“ Central de atendimento do PCC , bom dia!”
– “Alô! Aqui é do Bangu 1. Eu quero falar com o Carandiru em conexão com o Lemos de Brito.”
-“ É prá já companheiro!” Responde a atendente.
O mais interessante é que eles não fazem um 23 ou um 21 eles preferem fazer o 171 que não tem conta no fim do mês para pagar, ou melhor, as ligações são debitadas na conta do Abreu ou de um otário qualquer.
A malandragem já possui página na Internet com os estatutos da facção e sua ideologia. Cara de cavalo, Tião Medonho , Mineirinho e outros bandidos do período jurássico, lá do inferno(?) se é que ainda não fugiram , devem estar roxinhos de inveja , pois vagabundo hoje em dia tem o status que eles nunca sonharam . Os “Malandros VIP” aparecem no Jornal Nacional diariamente, depõem no Congresso Nacional em condição de igualdade com os parlamentares, alguns até mesmo investidos de um mandato político. Vivem criando problemas diplomáticos , só trafegam escoltados por batedores e homens de elite, parando o trânsito por onde passam. Andam de táxi aéreo para cima e para baixo às custas do contribuinte e vários governadores ainda disputam a primazia de lhes oferecer casa , comida e roupa lavada em seus presídios de segurança máxima. Na falta de bons valores para a juventude, com certeza muitos jovens sonham com essa trajetória, para desesperança de toda uma sociedade.
