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Artigos-->ÉRAMOS FELIZES E NÃO SABÍAMOS -- 26/07/2001 - 23:33 (Maurilio Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




Por vezes me pego absorto , viajando nos meus pensamentos, até os idos da minha adolescência. Aí então, me bate uma saudade tão grande , que chega a doer no peito. Uma das coisas que mais marcou a minha vida, foi o colégio onde fiz o meu curso ginasial, o Colégio Republicano da Pavuna, no Rio de janeiro. Ali, aprendi tudo o que precisava para me tornar um homem, na acepção maior da palavra. Naquele colégio, os alunos podiam facilmente ser divididos em dois grupos: A Elite e a Ralé. A Elite era formada por alunos que se apresentavam de maneira impecável na forma de se vestir, no cabelo bem arrumado, no material escolar com os cadernos e livros bem encapados, com etiquetas identificando o proprietário do material, e etc...



A Ralé ,grupo ao qual orgulhosamente eu pertencia, era formada pelo pessoal de origem mais humilde, mas que por esforço hercúleo dos pais, também estava lá , em condições de quase igualdade. Os uniformes não eram tão alinhados, nem tão sob medida como o da elite , e depois de alguns meses de uso, já se podiam notar alguns remendos aqui , ou ali . Em sala, normalmente a galera da Elite ocupava os primeiros acentos, bem perto dos professores e o pessoal da Ralé gostava de ficar lá na cozinha, ou seja , lá nos fundos da sala, onde rolavam na surdina fotos de mulher nua e revistinha de sacanagem do Carlos Zéfiro .





Naquela época, não havia a Tiazinha nem a Carla Perez. Quem povoava a cabeça da garotada era a Brigite Bardot , Marilin Monroe e as Chacretes do Chacrinha. Eu em particular, era louco por uma bailarina com o nome de Índia Potira. A Jovem Guarda, comandada por Roberto Carlos, estava cedendo espaço para a Bossa nova de Tom e Vinícius. No time de futebol da escola, por motivos óbvios, não jogava ninguém da elite. Era muita dureza para aqueles “pequenos príncipes”. Os rachas aconteciam invariavelmente às sextas-feiras num campinho sem grama na beira do Rio Pavuna . Constantemente a garotada era obrigada a entrar no rio de águas mal cheirosas, para pegar de volta a bola, que ele mesmo chutara. Em caso de gol, quem ia buscar a bola dentro do rio era o goleiro, como forma de punição por ter deixado a bola passar . Era uma regra do jogo, que não podia ser desrespeitada. Quem defendia com garra o “nome da instituição” era mesmo aquela turma de uniformes mal passados, sapatos cambetas, canelas russas e cabelos desalinhados. Éramos o pelotão de choque.



À despeito de nosso estilo rústico, tínhamos nossos objetivos definidos na vida, e nos considerávamos bons alunos, pois apesar de toda essa atividade extracurricular ,conseguíamos nos manter num nível acima da média. Não nos enquadrávamos no estilo “CDF ”, porém tínhamos um potencial muito grande. Quando alguma matéria ameaçava os membros da "confraria" , rapidamente fazíamos um mutirão para estudar o assunto na casa de um dos nossos e sempre conseguíamos boas notas nessas ocasiões.





Sonhávamos com a carreira militar, outros com a vida policial, e havia os que pretendiam ser jogadores de futebol. O sábio tempo se encarregou de ajeitar as coisas e hoje em dia aquele pessoal do “Pelotão de choque”, quase que na sua maioria, optou por carreiras de alto risco como a Polícia Federal, Forças Armadas, Polícia Civil, Polícia Militar etc... No meu caso, ingressei na Força Aérea, e não satisfeito com a monotonia, passei para a Marinha Mercante, onde fiquei vinte e três anos cruzando os sete mares, de um lado para outro do planeta em busca de aventuras. Já o pessoal da “Elite ” também optou por profissões mais compatíveis com os seus temperamentos. Sabemos que muitos são destacados médicos, veterinários, advogados e professores entre outros, o que muito nos orgulha.

De qualquer forma, quando nos encontramos, é sempre com muito prazer que nos abraçamos e matamos um pouco da saudade de um tempo, em que éramos felizes e não sabíamos.







Maurilio Silva









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