993300>A caridade lusófona, tal como objectivamente de tecla em riste Joaquim Letria acciona no "24 Horas" em relação aos portugas do famigerado "em-nome-de", é um poço sem fundo. Ninguém, dentre os improvisados e pretensiosos "salva-vidas", presta contas das "grandes moinas" que organizam, espécie de campanhas de pedinchice cujo pecúlio doado voa para o outro lado da Primavera sem deixar rasto.
Na senda do colapso incendiário que vergonhosa e escandalosamente calcinou grande parte do país, bonitas cançonetas de solidariedade que então se tocaram também ficaram entre o silêncio das cinzas calcinadas e por enquanto ninguém dá conta dos largos milhares de euros que se reuniram sob a evocação de acudir às mais urgentes situações que a tragédia produziu.
Sobre as habitações reconstruídas, o valor dos animais que pereceram queimados, as árvores por replantar, os empregos extintos entre o fogo, onde está o efeito? Uma ou outra das vítimas poderá dizer: "Está aqui o-não-chega-para-nada. Também não se ouviu ainda um só beneficiário dizer: "Obrigado".
Escreveu Letria que tem um amigo que há anos contribui com uma módica quantia em favor de crianças em países com fome. Todos os trimestres recebe uma carta e um relatório da organização internacional a prestar-lhe contas. Quem dos portugueses poderá testemunhar outro tanto sobre as pirâmides de quem enriquece à custa dos desgraçados famintos.
Em face de semelhante corja de párias impunes é de preferir sem dúvida os bons e os maus ladrões. Pelo menos estes sempre têm o trabalho de pensar como apropriarem-se dos bens alheios, correndo os riscos inerentes e geralmente só roubam a quem menos faz falta.
António Torre da Guia
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