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Quantos usuários da UL conhecem as letras de Sebastião Alba ou, mais exactamente como pessoa identificada, de Dinis Albano Carneiro Gonçalves?
"0000bf>Em surdina me preparo para morrer"... É um verso de Alba (Braga, 1940/2000) que servirá de mote para evocar o poeta "louco" falecido há três anos.
Se Milene Arder o tivesse conhecido como deveras eu o conheci, que diagnóstico psiquiátrico lhe teria feito?
Sobre Sebastião Alba e da sua poesia falam e oferecem testemunho os amigos que com ele privaram durante os últimos anos em Braga, como são os casos de José Miguel Braga, Amadeu Santos, José Manuel Mendes e Vergílio Alberto Vieira.
Quando eu soube de seu passamento, escrevi sobre um guardanapo de papel que ainda guardo zelosamente:
Enfim... Veio-se de vez ao ir-se Coberto de alba sem cor Pra muito longe parir-se De prazer além da dor...
O Dinis era "maluco", um "doido" a quem só os "malucos-doidos" tinham acesso pleno para construir o céu das ideias à parte dos perigosos indivíduos com juízo... "0000bf>A pulhice... 0000bf>Torre... A pulhice... Afunda a jangada dos náufragos"...
0000bf>Há poetas com musa. Muitos. Eu, neste jardim do Éden, a cargo do município, onde um velho destece a sua vida e, baixando o olhar, ainda lhe afaga a trama, quando a poesia se afoita, amuo na agrura de, ao acordar, tê-la sonhado.
Oh se a Milene tivesse apanhado com ele como apanhou comigo... Bem... Até parece que estou a ver a cena um lustro atrás...
A cabra, meu bem, nem sempre suporta a testa do bode saudoso de ser cabrito mas entre tetas, o suporte, não te iludas nem me iludas, a teta não é um mito...
Alba ficou de item obrigatório da poesia contemporânea portuguesa após estúpido atropelamento mortal em Braga, há três anos, cidade berço-e-cova de sua vida, uma aventura que estendeu até às longínquas terras de Moçambique, onde o conheci e florescemos em amizade... "0000bf>Os camarões aqui... 0000bf>Torre... Fazem-me sentir um ridículo pigmeu"
Passo a citar perolíferas pepitas do Dinis:
0000bf>Se uma guerra nuclear varrer sociedades destas da face da terra, nada se perderá. A vida renasce.
Cada vez quero mais a solidão física; mesmo com este vento, agasalha-me em qualquer parte onde não se vê mais ninguém.
A poesia não é só o domínio da língua, até porque ela é indomável.
Cada vez estou mais convencido de que adquirimos os nossos conhecimentos à custa do sacrifício dos outros.
Num mundo em que a corrupção lavra, a única coisa a fazer é a batota, isto é, torná-lo mais corrupto, de modo a que se apresente aos nossos olhos insuportavelmente repulsivo.
Observador arguto e minucioso do que o cercava, o Dinis nutria nitida aversão pelos valores que regulam a sociedade. Eu... Vou mais adiante: abomino aqueles que constantemente içam às matinas os pendões anódinos do que está deveras mal sem espécie alguma de bem, bem que no caso é só gáudio do estupor que puxa ou manda puxar a corda...
Dinis... Após três anos Cada vez mais sinto eu Que o céu morreu antes de nós Mas há sempre alguém Que passa pela morte a sonhar azul Sem sequer dar pelo cadáver!...
Pois, Dona Milene, que há-de um doido pensar do seu juízo, da sua noção de liberdade com algemas e grilhetas, do seu vitupério, do seu romantismo verrino, da sua acolitante veemência a um guri vândalo que chama "filho-da-puta" quando lhe apetece...
Vá... O que é que diz... Professora... Em texto que permaneça e fique sem deletar?... Faça-o em nome daqueles que ousam alcançar a liberdade...
0000bf>Dinis Gonçalves / António Torre da Guia c00000>PS = Que pena não me ser possível ilustrar com belas imagens este texto... Tal óbice, só, porque houveram alguns usuários que publucaram figurinhas eróticas... Que pena!...
Ah... Dona Milene... Desculpe-me a citação de seu nome. Se por um lado evito a lateralidade, por outro, induzo apelo à leitura. A senhora é tão célebre neste sítio... Espécie de "mal-que-me-faz-bem"... De resto, praza que o nosso azedo confronto, logo que se extinga, não faça a mínima falta ao mundo...
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