A TV exibe, num comercial, uma velha senhora com estereótipos de idosos que já não existem há mais de cinqüenta anos, fazendo um discurso com termos chulos. Em um outro, um casal no leito, também em idade avançada, tenta impressionar com ares de débeis mentais, acerca de sua performance sexual. Em outros tempos, os idosos ficavam livres de serem alvos desse tipo de deboche. Por todas as eras e em todas as culturas, os velhos são venerados. Constituem referência de seriedade e sabedoria. Afinal, os anos lhes conferem isso. Há um aperfeiçoamento do pensamento, que precisa de tempo e de vivência para se consolidar. A mídia comete mais essa agressão contra a cultura, os costumes e a ética. Com a intenção de se conseguir humor fácil, utiliza-os em uma posição oposta àquela da que se espera para os anciãos. O absurdo é, equivocadamente, engraçado. A ocasião é propícia, pois vivemos numa época de forte tendência materialista e consumista e o sexo é a tônica, sendo cobrado a pessoas de todas as idades. Na velhice, mais do que um gerador de prazer, ele passa a ser uma exigência, os casais se entreolhando com desconfiança, num receio de um desapontamento mútuo. Uma angústia que interfere negativamente na relação que então deveria seguir mais fácil e harmoniosa, com valores mais próximos do espírito do que da carne. O progresso traz medicamentos que seriam uma panacéia para se solucionar um “problema” que a cultura mais inventa do que codifica e interpreta.
Mais uma ação da mídia que destrói, perversa e irresponsável.