Ter consciência negra significa compreender que os negros são diferentes por pertencerem a uma raça e não por serem inferiores.
Ter consciência negra significa não ter a visão elitista da história clássica brasileira, responsável por afirmações falsas que resultam em interpretações distorcidas do processo histórico brasileiro.
A idéia de que o negro se submeteu à escravidão sem reagir é uma grande falsidade, pois ao contrario, nossa história é em grande parte, a história da luta do negro pela liberdade. Luta que se expressou em diferentes momentos e formas.
O negro sempre reagiu à escravidão, muitas vezes suicidando-se, muitas outras evitando a reprodução, assassinando feitores e proprietários. A fuga, que por diversas vezes empreendiam, constituía a forma mais comum de reação, pois a partir dela, formavam quilombos, onde tentavam reconstruir suas raízes africanas nas matas brasileiras.
Os negros também tiveram participação em importantes rebeliões nas épocas da colônia e do império.
No Brasil, a prática da democracia racial no ensino de nossa história é um dos mitos mais arraigados. A realidade nos mostra que o que temos na verdade é uma espécie de tolerância racial.
Símbolo da resistência negra contra a escravidão, Zumbi, chefe do Quilombo dos Palmares na fase mais decisiva de sua luta, ousava sonhar com a liberdade e igualdade dos homens.
Em 20 de novembro, foi morto e exposto num requinte de crueldade, mas, deixou um sonho. O sonho da liberdade. E através desse sonho, Zumbi está cada vez mais vivo em nossa história, não só como herói do povo negro, mas como um ícone da luta pela liberdade.
Como 21 de abril se propõe a celebrar as idéias de um libertário, o 20 de novembro deve cada vez mais se fortalecer na memória nacional como uma data de comemoração e reivindicação para todos os brasileiros que, muitos ainda, precisam ter sua existência e direitos reconhecidos.