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Artigos-->SALVE-SE QUEM PUDER! -- 08/11/2003 - 23:40 (Jeovah de Moura Nunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




SALVE-SE QUEM PUDER!





Quando o muro de Berlim caiu os capitalistas em todo o mundo comemoravam. Estava de volta a escravidão disfarçada pelos parcos salários; o desemprego que faz chantagem ao trabalhador; a revelia dos sindicatos que perderam o seu pragmatismo de luta; a saúde perdeu seu interesse pelo proletário; a educação só é farta para as classes elevadas; o exercício da cidadania é violentamente reprimido; a volta do ritual das torturas fomentando ainda mais a violência.



Vivemos hoje tudo isso sem perspectivas de melhora, porque não há mais um muro emblemático de equilíbrio entre capitalismo e socialismo. Sequer há socialismo que tenha um idealismo de internacionalizar a luta do proletário. Embora, não sejamos socialistas, ou comunistas, somos entretanto contrários à ausência de um regime antagônico ao capitalismo. Não se pode deixar este sistema econômico solto em suas peias gananciosas e insaciáveis. Exemplo está no setor bancário, a menina dos olhos do capitalismo. Claro que a selvageria capitalista não existe em países ditos civilizados. Tanto que a cidadania é respeitada como a justiça é democratizada, e severa na aplicação das leis. Existem nações comunistas no mundo de hoje, porém não são em absoluto determinadas em expandir internacionalmente a luta entre as classes.



Esta pode ser a explicação de nossos problemas sociais aqui no Brasil. Não podemos culpar a globalização porque esta não veio para impedir o progresso da humanidade. Ao contrário coloco todo o planeta numa mesma reunião. Se não chegamos a um acordo é porque o mundo ainda é governado pelo capitalismo. Este porém, está aprendendo a duras penas a valorizar o novo homem. Tanto no Vietnã como no Iraque.



Em meados do século XIX não havia nenhuma legislação que dessem ao trabalhador maiores garantias, ou algum direito trabalhista com derivativos sociais na saúde, educação, moradia, aposentadoria. Não havia em muitos países, nem o descanso semanal. As pessoas trabalhavam quase que vinte e quatro horas por dia. Não havia tempo para repousarem. A morte era precocemente recebida. O salário voltava para o patrão em forma de pagamento dos mantimentos e víveres com preços abusivos. As crianças, as maiores vítimas, trabalhavam dezesseis e até dezessete horas por dia. E isto em plena Inglaterra vitoriana desenvolvida. O escritor Charles Dickens denunciou essa tragédia infantil ao mundo, através de seus famosos romances, entre eles "Oliver Twist" e "David Coperfield".



Em 1917 surgiu o comunismo. Os capitalista de todo o mundo ficaram de orelha em pé. Resolveram se unir e passaram a exigir dos governos instituídos por eles mesmos, uma maior atenção aos reclamos sociais dos trabalhadores. O interessante é que antes repudiavam as mesmas reivindicações, através dos sindicatos. Estes foram surgindo pelo fato dos trabalhadores serem proibidos de se manifestarem, exigindo seus direitos. Nos Estados Unidos mais de cem mulheres foram queimadas vivas em 8 de março de 1857. Eram operárias de uma indústria textil e ousaram reclamara pela igualdade de salário com o dos homens e a redução da jornada de trabalho para 10 horas. O patrão mandou atear fogo à própria fábrica, onde as mulheres permaneciam em greve. Foi um massacre. A ONU instituiu o 8 de março como o dia internacional da mulher, em razão daquele fato. A URRS pressionou para que essa data ficasse marcada para sempre.



O muro de Berlim era o símbolo do equilíbrio entre capitalismo e comunismo. Era um divisor de águas, denominado pelo mundo ocidental como "o muro da vergonha". Todavia, mais vergonhoso do que o muro é a fórmula de tratamento do neoliberalismo, ou o "capitalismo selvagem" dado aos seus trabalhadores, quando não tem nada que os possa defender.



Estamos hoje no Brasil e no mundo, a mercê de qualquer um que tenha capital e empregue a seu bel prazer o trabalhador indefeso. As centrais sindicais operam da mesma forma e fazem o jogo dos patrões. A ordem social de hoje é: salve-se quem puder! Tanto é verdade que a nossa Polícia Federal descobre rotineiramente focos de trabalho escravo no Brasil.



(Jeovah de Moura Nunes)
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