c00000>Hoje, cerca de 5 minutos antes da uma, quando entrei no restaurante onde habitualmente almoço, o empregado Filipe, logo que se acercou de mim e enquanto colocava em acerto pratos e talher, exprimiu entre um largo sorriso: "Então... Já apanharam o Saddam Houssein?".

Presumi que se tratava de uma anedota, mas não. Por trás de mim o noticiário das treze na televisão abria com a mesma afirmação. Voltei-me na cadeira e depararam-se-me as imagens do ex-ditador iraquiano a abrir submisso a boca a um médico que lhe vistoriava os dentes.
Toda a gente conhece a personagem que a comunicação universal aborda consecutivamente há vários meses, mas nem todos sabem o que são ou sequer respeitam os direitos humanos, e isto, pasme-se, logo a começar pelos EUA, o país que mais evoca e põe em evidência o mais sublime dos desideratos.
Em face do que vi, almocei incomodado com a incoerência e a contradição cruamente expostas pelos média. Pensei também que estamos em época de Natal e a indignação tomou-me as têmporas.
Então... Que seja o maior dos criminosos que está em questão... Não é um ser humano?... Naquela mesma exacta sujeição de calculada humilhação para "iraquiano-ver" não poderia estar o nosso pai , o nosso filho ou um amigo?
Palavra... Cada vez mais duvido daquilo que os humanos dizem perante o que deveras fazem. Que engulho? Aquelas imagens ultrapassam a sensatez e não são nada prenunciadoras de bom futuro para a humanidade. Custa-me a engolir o subreptício rumo que os poderosos deste mundo nos apontam.
António Torre da Guia
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