Lendo o texto de Juliana, sobre a felicidade de seu amigo com as rosas, lembrei-me de um outro de rara leveza e beleza...
É de autoria de Juan Ramon Jimenez, do original em espanhol
"Platero y Yo". Nesse livro, o autor reuniu várias crônicas poéticas, sempre conversando com o seu burrinho Platero.
Tentei traduzi-lo aqui, sem macular o conteúdo da mensagem.
Cair da Tarde... "Angelus"...
Vejam!
Quantas rosas a cair por todas as partes: rosas azuis, rosas brancas, transparentes... Poderia dizer-se que o céu em rosas se desfaz. E como se enchem de rosas meu rosto, meus ombros, minhas mãos... Que farei eu com tantas rosas?
Saberia alguém me dizer, talvez, de onde é esta florada branda?
Eu nem imagino de onde vem, mas ela enternece, a cada dia, a paisagem, deixando-a docemente rosada, branca e celestial.
Mais rosas... mais rosas... Como num quadro de Frei angélico, aquele que pintava a Glória de joelhos.
Das sete galerias do Paraíso parece que atiram rosas sobre a Terra.
Como se fosse uma neblina de ternura e levemente colorida, caem as rosas sobre a torre, no telhado, nas árvores...
Vejam: todo o forte se faz, com essa decoração de rosas, mais delicado.
Mais rosas... mais rosas... mais rosas...
Até parece que, enquanto soa o Angelus, a nossa vida perde um pouco da rotina e que uma outra força, de dentro, mais ativa, mais constante e mais pura, faz com que tudo, como em louvores de graças, suba até as estrelas, que se acendem agora entre as rosas... Mais rosas...
Nossos olhos, que não podemos ver, e que levantamos mansamente ao Céu, são também duas belas rosas.