ffffff size=1>Tenho às vezes a sensação que algo dentro de meu cérebro tende a explodir. A ansiedade de me fazer entender no decurso de um breve minuto não comporta os biliões de períodos rápidos necessários para que o entendimento se estabeleça e se concretize enfim satisfatoriamente. Pois... Pois... Em evidência, nenhuma transformação se obtém de um minuto para o outro, a não ser através do poder radical da morte, e mesmo assim o assassino tende a ficar cada vez mais com as mãos vazias.
Se agora me desse para despir-me na rua, a indignação dos cegos generalizar-se-ia e daí a pouco estava concerteza numa esquadra de polícia com passaporte garantido até um manicómio onde uma cambada de doidos com juízo ganham a vida a dar empurrões a confrangedores destroços humanos. No entanto, através da moda e a pouco e pouco, o mundo está a despir-se legalmente. A pouco e pouco... Devagarinho, tal como pachorrento caracol subindo por um pénis acima com intenção de comer-lhe lentamente a cabeça.
O doutor que me analisou considera que ainda não estou doido de todo e ainda posso permanecer por mais uns tempos entre a sociedade. Faz sinal aos dois "enfermeiros" que me fazem guarda para que eu possa sair em "liberdade". Abro a porta do gabinete e saio. Desço a escadaria, em cujo vão ouço uns "ais" que não me são estranhos. Puxando cabeça e vista para o centro da penumbra, vejo um enfermeiro a sodomizar, em enlevo mútuo, uma enfermeira...
A vida é de facto uma loucura em esplêndido juízo... Né?... Terei eu explicado alguma coisinha?... Caramba!...
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