Um deles projectava há meses umas apetecidas férias. Porque iria só, convenceu outros cinco a fazer-lhe companhia. Um destes cinco tinha até uma doença incurável. Seria porventura o seu derradeiro passeio. Tudo organizado por uma agência de viagens. Para maior segurança, um amigo português estaria à espera deles em terras brasileiras...
As cartas estavam jogadas... Dum lado, seis turistas a caminho de um repouso merecido, levando nas bagagens prendas para o seu patrício... Doutro lado, uma «besta humana», alguns «jagunços» e o seu cunhado. As cartas estavam viciadas. Não poderia sair jogo limpo...
À chegada, o destino não foi o hotel programado, mas sim um barzito na Praia do Futuro ( ! ). Uns copos, uns frangos e em breve o «jogo» começou ...
Retirada de cartões bancários, exigência dos respectivos códigos e partida do «amigo português» à procura de um Banco, para confirmação das senhas. A contagem decrescente começava... Houve talvez pânico... Ou qualquer coisa não correu como previsto... E a ordem seguiu, fria, via telefone celular: « Acabem com eles ! ». Os jagunços agrediram-nos selvaticamente, com tudo que tinham à mão... Para acabar, mais um acto de barbárie : enterraram-nos ainda vivos !
Curiosamente, os telemóveis que as vítimas tinham, forem úteis até no seu silêncio. Por não terem notícias, os familiares alertaram para o seu desaparecimento, talvez mais cedo do que teria sido normal, tal a «perfeição» da operação...
Várias coisas nos espantarem a nós, portugueses. A eficiência e rapidez da actuação da polícia brasileira ... A colaboração dada à Imprensa, tendo-nos sido possível ver ( horrorizados ) duas entrevistas com o «instigador do crime», várias entrevistas com a polícia , com o médico que efectuara as autópsias... Visionámos mesmo os vídeos da «segurança» do aeroporto, que testemunhavam a chegada despreocupada a Fortaleza dos seis empresários em férias ...
Uma coisa, no entanto, nos preocupa : o medo que se apoderou dos turistas portugueses, apesar de todo o seu amor, de toda a sua vontade em conhecer o Brasil. Temos indo a subir ao longo do litoral, fugindo à violência : Rio, Baía, Recife... Agora, sentimo-nos ainda tranquilos no Nordeste. Curiosamente, numa das partes mais pobres do País, encontramos segurança e cordialidade, tão necessárias para quem vai à procura de um descanso merecido e despreocupado.
TUDO O PROVA : foi um acto isolado, ainda por cima orquestrado por um português... A própria polícia se espanta com tanta violência e tanta crueldade... Seis vidas em troca de um punhado de Reais e quantas famílias destroçadas, de um lado e doutro. Recupere-se, na medida do possível, a calma e restaure-se a confiança. Os nordestinos, o Brasil, merecem que continuemos a privilegiar aquele destino e a conviver com aquele maravilhoso Povo !