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Artigos-->DESAFIO -- 19/02/2004 - 22:32 (Anderson Christofoletti) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




AVISO PRÉVIO À LEITURA:



Escrevo o texto abaixo Munido Da mais clara Consciência de que Também compartilho de todas estas “virtudes” (ou quase todas) humanamente relatadas.



Sei que minha personalidade Não mudará

E que sou o maior responsável



Por sua forma e suas imperfeições,

Mas também sei

Que isto não me dá o direito



De negá-la (De me negar).



Queria acreditar

Que esta minha lucidez

Também pudesse, um dia, ser comum aos outros,

Mas hoje sei que isso é impossível,

Pois foram necessárias muitas desilusões,decepções, traições,

(E PRINCIPALMENTE MUITOS TOMBOS)

Para que eu formasse esta aceitação frente ao imutável.



Queria acreditar em outras verdades,

Mas a vida me prova o contrário.



Não tenho a pretensão de mudar algo com estas palavras,

Tento apenas fazer um breve relato

Do que vejo, sinto e sou obrigado a tolerar.

Quero sim, desta forma, deixar

A ferida exposta,

Sem me preocupar muito

Se ela irá ou não cicatrizar.

Porém entendo que



Se algo pode mudar,

Este algo tem que nascer em mim.





ALGUMAS FACES EXPLICITAMENTE OCULTAS DO SER HUMANO







I

Todo ser humano é congenitamente falso

(como pré-requisito à seleção natural):

Uns mais que outros,

Mas todos verdadeiramente falsos



II

Todo ser humano é fraco e vulnerável.

Talvez, por isso,

Carregue sempre pedras nas mãos

E medos no coração;

Talvez, por isso,

Veja na força bruta

Um caminho a ser talhado

E não apenas caminhado.



III

Sua palavra é infinita,

Mas suas atitudes são escassas

E raramente edificam

Algo superior a seu caráter.



IV

Incapaz de perdoar,

O ser humano se aperfeiçoa

Nas formas de castigo;

Incapaz de aprender,

Ele se vê inapto a ensinar.



V

Dono da verdade absoluta,

Não vê a constante metamorfose que o cerca,

Raramente escuta palavras contrárias as suas

E ainda não aprendeu a ouvir.



VI

Não valoriza as dádivas

Que recebe

E destrói em segundos

O que se levou vidas

Para ser conquistado.



VII

Seus arrependimentos

Quase nunca são genuínos

E quando o são,

Não duram mais que o surgimento

De uma nova oportunidade

Que faça seus olhos brilharem cegamente

E seu interesse falar mais alto.



VIII

O homem ainda não aprendeu

Que o silêncio

Muitas vezes vale mais

Que qualquer palavra ou atitude.

Não aprendeu

Que um abraço sincero

Pode mudar um destino,

Criar a esperança

Onde reina a dor e a escuridão.



IX

O ser humano

Critica, ofende e humilha seu semelhante

De forma desnecessária e destrutiva

Com a mesma facilidade

Com que pede desculpas inúteis

Por falhas irreparáveis.



X

Ele é incapaz de tecer um

Único elogio despropositado

E desprovido de interesse.





XI

O ser humano nunca aprenderá

A perder alguém, pois não aceita o fato de que

- na realidade - não possui coisa alguma,

muito menos a vida de outra pessoa.



XII

O ser humano é incapaz de viver o hoje,

Pois em uma mão carrega o passado e na outra

Procura alcançar o futuro,

Deixando o presente

Escorrer pelos seus dedos.



XIII

O ser humano age segundo interesses próprios,

Sejam eles financeiros ou emocionais,

Futuros ou imediatos,

Grandes ou pequenos,

Conscientes ou inconscientes...



XIV

Nas horas de desespero

Ele pede ajuda;

Quando chamado em auxílio,

Se esconde.



XV

É incapaz de acreditar em si,

De saber o que é fé

E saber que é preciso, muitas vezes,

Cair para aprender a se levantar.



XVI

O ser humano cria verdades,

Mas é incapaz de respeitá-las.

Sendo assim:

O fogo só arde após ter queimado;

A lâmina só corta após ter sido ungida de sangue;

A luz só existe quando a escuridão é absoluta;

As uvas sempre estarão verdes, mas nunca altas demais para seus braços;

Sempre haverá um corvo a dizer repetidas vezes ”nunca mais”;

Os olhos sempre estarão limpos

Para enxergar ciscos em outros olhos;

O homem sempre será perfeito demais

Para errar e sábio demais para aceitar que nada sabe.



XVII

O homem ainda não compreendeu o que é entrega;

Não sabe discernir doação

Da ilusória algema

Da fidelidade.

Erra ao crer que pode acorrentar outro ser

E que, destarte, este lhe pertencerá para sempre;



XVIII

Não aceita o fato de que tudo é efêmero,

Que nada é absoluto,

Que nenhum extremo é certo,

Que tudo tem sua medida

E que esta deve ser respeitada.



XIX

Incapaz de ver que

Não há segredos na vida,

Esquece de absorver

A beleza das coisas simples.



XX

Por fim,

O homem se preocupa tanto com o tempo,

Com a perda, com a matéria táctil,

Com o amanhã, o ontem, com coisas complexamente tolas,

Que esquece de viver.



PS.SE HOUVER ALGUMA INVERDADE NESTE TEXTO, GOSTARIA MUITO DE SER CORRIGIDO.

PS2. ENTENDASSE POR “CORREÇÃO “ALGO QUE PROVE DE MANEIRA PRÁTICA (E NÃO APENAS TEÓRICA) O QUE FOI DITO.





©Anderson Christofoletti

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poetadasrosas@ig.com.br

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