INCOERÊNCIAS POLÍTICAS
Filemon F. Martins
A cada dia que passa, aumenta a incoerência já existente na política brasileira. O governo está às voltas com a proibição dos bingos, contudo o jogo do bicho continua atuante e agindo na clandestinidade, financiando campanhas políticas, sob os olhares complacentes da Justiça Eleitoral, mas em compensação, dizem, oferecem o espetáculo das escolas de sambas mantidas com o dinheiro público em parceria com os “empresários” do jogo do bicho.
Não seria também incoerência do Cade ( Conselho Administrativo de Defesa Econômica ) ao vetar a compra da Garoto pela Nestlé ? Aliás, antes deste episódio, o preço do chocolate da Garoto era mais barato. Hoje, estão no mesmo patamar. O consumidor que se dane. O mesmo Cade permitiu e permite a compra de pequenos e médios bancos, transformando uma minoria em grandes banqueiros responsáveis por taxas e tarifas estratosféricas.
Não foi o Cade que permitiu a criação da AmBev ? E a AmBev não representa a formação de Cartel ? Segundo Luís Nassif, em artigo publicado na Folha de S. Paulo no dia 02/03/2004, “ Há indícios de que as mudanças ocorridas na forma de cobrança do PIS-Cofins visaram beneficiar a AmBev.” Num País de tantas incoerências e conluios, seria interessante investigar.
O Partido dos Trabalhadores também está presente com suas incontáveis incoerências. Não é nenhuma novidade a recente pesquisa do Datafolha, que dá conta de que 60% dos eleitores acham os políticos corruptos. No PT, já em 2002, boa parte do eleitorado já vislumbrava vícios e defeitos no partido que hoje administra o Brasil. O caso Waldomiro Diniz, que embora não seja filiado ao PT, mas trabalhava sob as ordens do Ministro Chefe da Casa Civil, está mostrando a fragilidade do partido, que se intitulava paladino da ética, da decência, da democracia e dos Direitos Humanos. O senador tucano Siqueira Campos (TO) definiu bem a situação do PT: “O PT mostra que tem uma longa história de gerar crises, mas nenhuma experiência em debelá-las”.
Ora, ao bloquear a criação de uma CPI para investigar eventual conduta inadequada de Waldomiro Diniz, o PT e seus aliados demonstram não merecer a confiança que o eleitorado brasileiro depositou nas urnas quando elegeu o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva para comandar os destinos do Brasil. “Quem não deve, não teme” diz o ditado popular. Se houve respingos em personalidade da cúpula do PT, cabe ao partido, apurar o mais rápido possível e esclarecer a opinião pública e não obstar, como vem fazendo o outrora santo Partido dos Trabalhadores.
Cremos que o desgaste político com a oposição sistemática à abertura de CPI é maior do que se o partido estivesse, efetivamente, interessado na apuração dos fatos. Dizer que a CPI viria repercutir negativamente na economia brasileira é balela. O que o brasileiro quer, o que todos queremos é dignidade, coerência e que haja transparência nas ações do governo. Sem esse “troca-troca” de favores, que caracterizou o governo de FHC e que, imaginávamos, fosse diferente com o Partido dos Trabalhadores no Poder.
Faltam apenas três anos ou menos para expirar o mandato de Presidente da República, que o povo outorgou ao PT. E em que pese a gravidade dos escândalos envolvendo ministros e pessoas ligadas ao PT, segundo pesquisa do Datafolha, o estrago ainda não atingiu a imagem do Presidente Lula. Se temos o Ministério das Relações Exteriores, por que tanto gasto com viagens internacionais ? Está na hora de o Chefe do Executivo viajar menos e começar a cumprir suas promessas de campanha, resolvendo os problemas do povo brasileiro: mais saúde, mais educação, mais empregos, mais respeito ao trabalhador, mais respeito ao inativo, melhores salários, melhores condições de vida e melhores estradas no interior do Brasil. São algumas das promessas de campanha, não cumpridas pelo PT e seus aliados.
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