Médici era ovacionado quando comparecia a jogos no Maracanã, com público superior a 100 pessoas em qualquer clássico, com segurança absoluta aos torcedores, a Polícia do Exército sendo respeitada e guardando, inclusive, o anel no alto do Estádio Mário Filho, onde ficam os holofotes!
Que saudade de Médici!
Claro, havia gente que passava dificuldade: os terroristas. Esses eram caçados como convém que sejam caçados os assassinos. O Governo Médici não fazia mais do que seu dever ao limpar as ruas de grupos tenebrosos como MR-8, ALN, VPR-Palmares, Molipo e outros "clubes de tiro e de dinamite" dos Genoínos, Zés Dirceus, Gabeiras e demais chefetes do inferno.
O Brasil de Médici andava azeitado, tinindo, o sorriso estampado no rosto de felizes brasileiros empregados. Mentira? Está lá, nas páginas 26 e 27 do livro "Ditadura Derrotada", de Élio "Parmesão" Gáspari:
"A ditadura estava no seu oitavo ano, no terceiro general. Medici cavalgava popularidade, progresso e desempenho. Uma pesquisa do IBOPE realizada em julho de 1971 atribuira-lhe 82% de aprovação. Em 1972 a economia cresceria 11,9%, a maior taxa de todos os tempos. Era o quinto ano consecutivo de crescimento superior a 9%. A renda per capita dos brasileiros aumentara 50%.
Pela primeira vez na história as exportações de produtos industrializados ultrapassara 1 bilhão de dólares. Duplicara a produção de aço e o consumo de energia, triplicara a de veículos, quadruplicara a de navios. A Bolsa de Valores do Rio de Janeiro tivera em agosto uma rentabilidade de 9,4%. Vivia-se um regime de pleno emprego.
No eixo Rio-São Paulo executivos ganhavam mais que seus similares americanos ou europeus. Kombis das empresas de construção civil recrutavam mão de obra no ABC paulista com altos falantes oferecendo bons salários e conforto nos alojamentos. Um metalúrgico parcimonioso ganhava o bastante para comprar um fusca novo. Em apenas dois anos os brasileiros com automóvel passaram de 9% para 12% da população e as casas com televisão de 24% para 34%.
O Secretário do Tesouro americano, John Connally, dissera que "os EUA bem poderiam olhar para o exemplo brasileiro, de modo a pôr em ordem a sua economia".