Tempos chuvosos esses de novembro. Dias bons para regar a vida. À noite, o noturno: luz mortiça de espessas velas coloridas da Feira do Paraguai faz a dança obscura de monstros da infância. Portas sinalizam o perigo do quase e do talvez no estranho mundo do fantasmagórico e indecifrável. Vai longe o tempo desse medo. Hoje o pensamento aproveita o tilintar das pérolas que choram na vidraça para viajar em segurança, campear pelo mundo visto lá do alto. Momentos perdidos, alguns trancafiados na particular galeria do irrealizável. Lembrança de sabores e aromas. Texturas. Climas. Movimentos. Palmilhar esse mundo é o combustível para não deixar de sonhar. Estranho que há vida em cada canto. Tudo se move. Há algo errado nas pesquisas de opinião, algo que não se mede, que persiste. Uma nova onda, ou a mesma força que conduz a humanidade? O que quer que seja, sopra a esperança. O homem guarda segredos.