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c00000>Ontem, não perdi pitada do sumo queimado que escorreu dos intelectos da sistemática Judite de Sousa, protagonista de um regime político caduco que persiste sobreviver "em-nome-de"... e de José Saramago, ora na berlinda porque o seu "Ensaio sobre a lucidez" promete intensíssimo debate polémico à volta do corajoso conteúdo que o nobilitado escritor coloca em equação afirmativa.

Desde já se esclareça que Saramago é muito pouco televisionável e não tem capacidade de resposta fluente. É grosseiro a roçar a boçalidade e a entrevistadora, toda voltada para o subreptício político, também não mereceu outra coisa. De tão finória que pretendeu impor-se, acabou por efectuar um excelente "ensaio sobre a estupidez", demonstrando-se estupidazinha quanto bastou. Judite de Sousa serve um regime mediático-camaleónico e tem muita vaidade nisso. Faz parte da RTP corrupta que está sempre a mudar para o mesmo sítio.

Colocando os pontos nos "ii", José Saramago, embora tendo dificuldade em contornar relacionações e confrontos pessoalistas, todavia não hesitou em proclamar que o Portugal actual exibe uma "democracia-faz-de-conta", espécie de sistema que abafa os cidadãos deixando-os gritar à vontade. Explicou que os partidos enformam tão só cabeças de hidra que flutuam no espaço contra a vontade do corpo colectivo: direita, centro e esquerda... Três panelinhas do mesmo "metal" com cores diferentes.

Quem muda isto?... Ninguém... Com um sistema assim, o voto preclaro, que é sem dúvida a maioritária abstenção eleitoral, nada pode de facto mudar. Saramago sonha com o voto explicitamente exercido em branco. Judite de Sousa, de sorriso estúpido como lhe é habitual, despediu-se... Quiçá para de seguida debruçar-se num lauto "ensaio sobre um prato de lagostins"...

Torre da Guia = Portus Calle