Entre mortos, feridos e mutilados nós nos esgueiramos para ir almoçar, dormir, paquerar, "sexuar" (palavra candidata à palavra do dia, do Aulow), ver TV, ir dançar, estudar e trabalhar. Nós nos esgueiramos entre os mortos, feridos e mutilados das guerras picotadas em quase todo o mundo - todas sombrias, como sóem ser guerras. Pequenas batalhas urbanas, no Brasil, entre malfeitores e cidadãos de bem; catástrofes, como as explosões em Madrid, os palestinos que mandam meninos-bomba em Israel, explodindo ônibus carregando gente que vai ao trabalho e gente que poderia ser seus parentes; os ataques israelenses a casas com menino na janela; as montanhas de fumaça das canalizações petroleiras no Iraque; as granadas d Bagdá e Mossul que matam, mutilam, arrebentam com gente que está ali só passando.... um louco atirando a esmo numa estrada norte-americana - e matando; um outro, menos louco, metido a sábio, matando crianças em nome de uma religião , também nos Estados Unidos, pobre país rico... preciso ir mais longe? Não, já basta.
Por entre toda esta gente, nos esgueiramos para ir cuidar da vida. O que mais se poderá fazer? Ou agir - não sei como, não me peçam receita - ou ficar na fossa, como estou agora, depois de ler o jornal. Nem li, porque as histórias são sempre as mesmas - mudam-se as datas. Ontem, anteontem, trás-anteontem e hoje, tudo igual.
E não me digam que o mundo está indiferente. Não, não está. Milhões foram às ruas contra o ataque ao Iraque, em todos os pontos sensíveis e possíveis do nosso planeta; aqui e acolá. Um governo forte, mas mentiroso, foi arrancado do poder espanhol - o medíocre Aznar até que endireitou a economia e mereceu alguns olés! - mas mentira tem perna curta e ele caiu da muleta. O mundo reage, sim. Não estamos dormindo. Mas além disto, o que podemos fazer? Quem está no poder faz o que quer - mesmo que pensasse diferente antes de subir ao trono. O poder corrói, o poder é corrupto.
