00407f>1744 =Tomás António Gonzaga = 1810

00407f size=2>Tomás António Gonzaga, tendo o magnânimo D.João V em seu derradeiro lustro de soberania, nasceu no Porto em 1744, filho de bem cotado cidadão brasileiro. Aos 11 anos, pois, terá tido notícia ou até vivido, reinando então D.José, sobre a tragédia do terramoto de 1755 que arrasou e mortificou Lisboa.
Formou-se em Direito na Universidade de Coimbra, foi juiz em Beja e daí partiu para o Brasil, onde tomou posse de ouvidor em Vila Rica, Minas Gerais. Em 1792, exercia funções de juiz desembargador na Baía, foi abruptamente acusado de participar na revolta de Tiradentes, cujo nubloso processo em princípio o condenou a 30 anos de desterro em Angola. De empenhos e recursos então diligenciados, sentenciaram-lhe finalmente 10 anos de degredo em Moçambique, onde veio a falecer em 1810.
Escreveu várias composições amorosas, que designou de liras, quase todas dedicadas a Marília, sua noiva D. Maria Doroteia Joaquina de Seixas, as quais foram publicadas sob o célebre título de "Marília de Dirceu".
Não cansa ler Tomás António Gonzaga e fascina como este suave e enorme poeta do século XVIII então escrevia. Quem se deponha em face de seus textos sem lhe conhecer a biografia, tomá-lo-à de imediato entre liras e harpas hodiernas.
No domínio do clássico soneto, Florbela Espanca e Tomás Gonzaga, no que a meu gosto concerne, constituem o lídimo casal da poesia lusófona. Apreciem o esmerado paladar do léxico, a harmonia do ritmo, o rigor do verso e a leveza da rima fluente... Maravilhas que intento verter na expressão actual do genuíno verbo português.
00407f>Oh... Como tenho a certeza De beber razão em água pura Nas fontes sublimes da frescura Que sinto na língua portuguesa.
António Torre da Guia = Portus Calle
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