Após meu último artigo, muitas pessoas elogiaram o conteúdo. Queriam saber da consistência do assunto e qual motivo me levara a pôr, em letras, minhas observações. Outras enviaram e-mail s tipo "boa crítica, equilibrada". Fiquei satisfeito pela boa aceitação dos leitores. As críticas e os elogios alavancam a auto-estima. Aconselharam-me, ainda, a ter cuidado com o que se escreve. A palavra escrita deve ser bem mais rebuscada do que um discurso verbal.
Porém, uma coisa me chamou atenção: perguntaram quanto ganharia por escrever. Boa dúvida. Pensei muito a esse respeito. Incrível como as pessoas se baseiam no quantitativo, no monetário. O bom de um trabalho sempre é, em primeiro lugar, ser reconhecido, para só depois pensarmos em dividendos. As pessoas costumam analisar as profissões pelo retorno financeiro, e esquecem que precisam ser competentes e, acima de tudo, profissionais. Exercendo o que se gosta, somos dedicados, mais motivados.
Li um artigo no jornal Correio Braziliense (10/09/2001), onde Luiz Gonzaga Bertelli, presidente Executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee), afirma que "a juventude estudantil brasileira dedica-se muito pouco à leitura e aos livros, e as tiragens limitadas dos livros encarecem os preços". Maior preço, menor procura. Demanda inferiorizada, menos livros, pouca leitura. Somos também culpados por não ter acesso aos livros. Ler não é nosso hábito. Além de termos incentivos fiscais para sermos mais letrados, damos ínfima importância aos livros.
Então, para escrever, seja esforçado, socialize-se, estude, mostre que sabe e lute por aquilo em que acredita. Assim, todos o ajudarão. O ser humano solidariza-se quando, em sinergia, pode alcançar resultados.
Grandes nomes estão acompanhados de bons escritos. O jornalista Fábio Campos, que ocupa uma coluna no jornal O Povo, é o termômetro das análises políticas em seu estado, Ceará. Roberto Pompeu de Toledo, ensaísta da revista Veja, influencia vários estudantes brasileiros em dissertações de mestrado e doutorado. José Simão, e o seu estilo "Buemba!", consegue redigir o lado cômico dos fatos. Eles mostram-se importantes ao informar, disciplinar e orientar seus apreciadores. Queridos pelo que fazem, colocam-se como personalidades onde se apresentam.
Ainda tens dúvidas de que ser escritor não traz vantagens? Machado de Assis era político, igualmente o crítico Sílvio Romero. Soube, há poucos dias, que Jorge Amado tinha sido deputado constituinte. A cearense Raquel de Queiroz foi amiga íntima do presidente Castelo Branco. O folclorista Câmara Cascudo teve ainda suas chances na política. Filho de Senador, o romancista José de Alencar fez parte, como Ministro da Justiça, do gabinete de Marquês de Itaboraí. Pelo que me parece, política e literatura andam juntas. Todo político quer ter um amigo escritor, quando não o é. Ainda dizem que escrever não dá em nada. Que delícia é escrever!