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Artigos-->Fragrância Feminina na Poesia - Alfonsina Storni -- 12/09/2001 - 10:44 (Fernanda Guimarães) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Fragrância Feminina na Poesia





Semanalmente, estaremos publicando pequenos artigos que visam mostrar um pouco da escrita poética feminina no cenário nacional e mundial.

Pretendemos, tão somente, falar da emoção de nossas descobertas literárias ao nos depararmos com a vasta produção feminina na construção de uma identidade poética.

É antes de tudo, uma gota de perfume que permitirá ao leitor curioso, buscar outras essências, a partir da publicação destes textos.





Alfonsina Storni





Alfonsina Storni nasceu na Suíça Italiana em 29 de maio de 1892, imigrando com os seus pais para a província de San Juan na Argentina em 1896. Em 1901, muda-se para Rosario (Santa Fé), onde tem uma vida com muitas dificuldades financeiras. Trabalhou para o sustento da família como costureira, operária, atriz e professora.

Seus poemas são incisivos e eficazes, podendo ser considerada para a época em que viveu, uma feminista.

Aos 20 anos é mãe de quem será seu único filho, Alejandro, sendo seu companheiro inseparável.

Descobre-se portadora de câncer no seio em 1935. O suicídio de um amigo Horacio Quiroga, em 1937, abala-a profundamente.

Em 1938, três dias antes de se suicidar, envia de um hotel de Mar del Plata para um jornal, o soneto “Voy a Dormir”.

Seu corpo foi resgatado do mar no dia 25 de outubro de 1938.





Publicações:

Em 1916 - " La Inquietud del Rosal"

Em 1918 - "El Dulce Daño"

Em 1919 - "Irremediablemente"

Em 1920 - "Languidez", obtendo o prêmio Municipal de Poesia e o segundo prêmio Nacional do mesmo gênero.

Em 1925 - "Ocre"

Em 1926 – “Poemas de Amor “

Em 1934 - "Mundo de Siete Pozos"

Em 1938 - "Mascarilla y Trébol".

Em 1938 – Antologia Poética



Um pouco da poesia de Alfonsina Storni:





A Carícia perdida



Sai-me dos dedos a carícia sem causa,

Sai-me dos dedos... No vento, ao passar,

A carícia que vaga sem destino nem fim,

A carícia perdida, quem a recolherá?

Posso amar esta noite com piedade infinita,

Posso amar ao primeiro que conseguir chegar.

Ninguém chega. Estão sós os floridos caminhos.

A carícia perdida, andará... andará...

Se nos olhos te beijarem esta noite, viajante,

Se estremece os ramos um doce suspirar,

Se te aperta os dedos uma mão pequena

Que te toma e te deixa, que te engana e se vai.

Se não vês essa mão, nem essa boca que beija,

Se é o ar quem tece a ilusão de beijar,

Ah, viajante, que tens como o céu os olhos,

No vento fundida, me reconhecerás?



(Tradução de Carlos Seabra)





O Engano



Sou tua, Deus o sabe porque, já que compreendo

Que haverás de abandonar-me, friamente, amanhã,

E que embaixo dos meus olhos, te encanto

Outro encanto o desejo, porém não me defendo.

Espero que isto um dia qualquer se conclua,

Pois intuo, ao instante, o que pensas ou queiras

Com voz indiferente te falo de outras mulheres

E até ensaio o elogio de alguma que foi tua.

Porém tu sabes menos do que eu, e algo orgulhoso

De que te pertence, em teu jogo enganoso

Persistes, com ar de ator do papel dono.

Eu te olho calada com meu doce sorriso,

E quando te entusiasmas, penso: não tenhas pressa

Não es tu o que me engana, quem me

engana é meu sonho.



Tradução Maria Teresa Almeida Pina





Luz



Andei na vida pergunta fazendo

Morrendo de tédio, de tédio morrendo.

Riram os homens de meu desvario...

É grande a terra! Se riem... eu rio...

Escutei palavras; demasiadas palavras!

Umas são alegres, outras são macabras.

Não pude entende-las; pedi as estrelas

Linguagem mais clara, palavras mais belas.

As doces estrelas me deram tua vida

E encontrei em teus olhos a verdade perdida

Oh! teus olhos cheios de verdades tantas,

Teus olhos escuros onde o universo meço!

Segura de tudo me jogo a teus pés:

Descanso e esqueço.



Tradução Maria Teresa Almeida Pina





Tu que nunca serás



Sábado foi e caprichoso o beijo dado,

Capricho de varão, audaz e fino

Mas foi doce o capricho masculino

A este meu coração, lobinho alado.



Não é que creia, não creio, se inclinado

sobre minhas mãos te senti divino

E me embriaguei, compreendo que este vinho

Não é para mim, mas jogo e roda o dado...



Eu sou a mulher que vive alerta,

Tu o tremendo varão que se desperta

E é uma torrente que se desvanece no rio



E mais se encrespa enquanto corre e poda.

Ah, resisto, mas me tens toda,

Tu, que nunca serás de todo meu.



Tradução Maria Teresa Almeida Pina





O Rogo



Senhor, Senhor, faz já tanto tempo, um dia

Sonhei um amor como jamais pudera

Sonhá-lo ninguém, algum, amor que fora

A vida toda, toda a poesia...

E passava o inverno e não vinha,

E passava também a primavera,

E o verão de novo persistia,

E o outono me encontrava em minha espera.

Senhor, Senhor: minhas costas estão desnudas.

Faça estalar ali, com mão rude,

O açoite que sangra aos perversos!

Que está a tarde já sobre minha vida,

E esta paixão ardente e desmedida,

A hei perdido, Senhor fazendo versos.



Tradução Maria Teresa Almeida Pina





Vou dormir



Dentes de flores, cofia de sereno,

Mãos de ervas, tu ama-de-leite fina,

Deixa-me prontos os lençóis terrosos

E o edredom de musgos escardeados.

Vou dormir, ama-de-leite minha, deita-me.

Põe-me uma lâmpada a cabeceira;

Uma constelação; a que te agrade;

Todas são boas: a abaixa um pouquinho

Deixa-me sozinha: ouves romper os brotos...

Te embala um pé celeste desde acima

E um pássaro te traça uns compassos

Para que esqueças... obrigado. Ah, um encargo:

Se ele chama novamente por telefone

Diz-lhe que não insista, que sai...



Tradução Héctor Zanetti





Dorme tranqüilo



Falaste a palavra que enamora

meus ouvidos. Já esqueceste? Bom.

Dorme tranqüilo, deve estar sereno

e charmoso o teu rosto a toda hora.

Quando encanta a boca sedutora

deve ser fresca, seu dizer ameno;

Para teu ofício de amante não é bom

o rosto ardido de quem muito chora.

Reclamam-te destinos mais gloriosos

que o de levar, entre os negros poços

das olheiras, o olhar em duelo.

Cobre de belas vítimas o solo!

Mais dano ao mundo fez a espada fátua

de algum bárbaro rei e tem estátua.



Tradução Héctor Zanetti





Sou



Sou suave e triste se idolatro, posso

abaixar o céu até minha mão quando

a alma do outro à alma minha enredo.

Pena alguma não acharás mais branda.

Nenhuma como eu as mãos beija,

nem se acomoda tanto em um sonho,

nem convém outro corpo, assim pequeno,

uma alma humana de maior ternura.

Morro sobre os olhos, se os sinto

como pássaros vivos, um momento

voar baixo meus dedos brancos.

Sei a frase que encanta e que compreende,

sei calar quando a lua ascende

enorme e vermelha sobre os barrancos.



Tradução Héctor Zanetti





Sou Essa Flor





Tua vida é um grande rio, vai caudalosamente,

a sua beira, invisível, eu broto docemente.

Sou essa flor perdida entre juncos e achiras

que piedoso alimentas, mas acaso nem olhas.

Quando cresces me levas e morro em teu seio,

quando secas morro pouco a pouco no lodo;

Mas de novo volto a brotar docemente

quando nos dias belos vais caudalosamente.

Sou essa flor perdida que brota nas tuas margens

humilde e silenciosa todas as primaveras.



Tradução Héctor Zanetti





Quando cheguei à vida



Vela sobre minha vida, meu grande amor imenso.

Quando cheguei à vida trazia em suspense,

na alma e na carne, a loucura inimiga,

o capricho elegante e o desejo que açoita.

Encantavam-me as viagens pelas almas humanas,

a luz, os estrangeiros, as abelhas leves,

o ócio, as palavras que iniciam o idílio,

os corpos harmoniosos, os versos de Virgílio.

Quando sobre teu peito minha alma foi tranqüilizada,

e a doce criatura, tua e minha, desejada,

eu pus entre tuas mãos toda minha fantasia

e te disse humilhada por estes pensamentos:

Vigiai-me os olhos! Quando mudam os ventos

a alma feminina se transtorna e varia...



Tradução Héctor Zanetti





Inútil sou



Por seguir das coisas o compasso,

às vezes, quis neste século ativo,

pensar, lutar, viver com o que vivo,

ser no mundo algum parafuso a mais.

Mas, atada ao sonho sedutor,

do meu instinto voltei ao escuro poço,

pois, como algum inseto preguiçoso

e voraz, eu nasci para o amor.

Inútil sou, pesada, torpe, lenta,

meu corpo, ao sol estendido, se alimenta

e só vivo bem no verão,

quando a selva cheira e a enroscada

serpente dorme em terra calcinada;

a fruta se abaixa até minha mão.



Tradução Héctor Zanetti



Fonte Pesquisada:

- Sites:

http://utopia.com.br/poesialatina/

http://cervantesvirtual.com/bib_autor/Alfonsina/index.shtml

http://www.geocities.com/Paris/Parc/9721/libros4.html

http://www.escritoras.com/escritoras/escritora.asp?i=937332543

http://www.flakozitas.com.ar/biografias/Storni/



© Fernanda Guimarães







Visite minha HP:

http://br.geocities.com/nandinhaguimaraes





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