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Artigos-->E por falar em “preto & branco”... -- 07/06/2004 - 12:42 (•¸.♥♥ Céu Arder .•`♥♥¸.•¸.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos





meu negro predileto... Carioca, sim senhor!





Lembrei-me de um fato ocorrido em classe, numa escola onde lecionei por muito tempo.



Chamava-se Horácio. E era negro. Muito. Seus dentes sadios sobressaíam sobre a pele negra.



Num debate em sala, sobre algo que não me vem à memória, o pupilo defendeu sua tese, com uma garra que me emocionou. Então, pronunciei-me:



Bravos, Horácio! Que argumento feliz você conseguiu! Estou perplexa.



Ao que o rapazinho logo assentiu, com um sorriso tão cativante que ainda me baila na lembrança:



– Sou preto, querida professora. Mas não sou burro.



Todos acharam graça, pois, o próprio tinha uma simpatia incomum. Todos o amavam e respeitavam, não por ser preto, como ele sempre fazia questão de frisar, mas por ser alguém que marcava presença, por ser possuidor de um caráter digno.



Era uma escola pública municipal, num lugarejo pobre, onde os adolescentes contavam com duas refeições, o que lhes valia a sobrevivência. O pai de meu protagonista era um desses senhores simples, gastos pelo sofrimento de um trabalho improdutivo: catava papelão e jornais velhos nas casas. A mãe lavava e passava para fora.



Mais tarde, soube que o rapaz havia se destacado num curso de garçom, no SENAC, e estava empregado num desses hotéis de luxo. Somente com as gratificações de gorjetas, conseguiu comprar uma casa confortável para a família.



Poderia ser o que quisesse, por ter inteligência de ouro, mas, o trabalho de garçom o realizava. Com os turistas do hotel, acabou por aperfeiçoar seu inglês. Entrou para uma faculdade onde fez curso de turismo.  A última notícia que tive dele foi de que é dono de uma confortável pousada em Fernando de Noronha. Casou-se com uma morena linda e tem um casal de filhos.



O que guardo com ternura é a simplicidade dele, quando errava alguma coisa (raramente) em uma prova ou algum trabalho, dizia sempre: “coisa de preto”. E sorria, com a certeza de que a cor negra, que nele caía tão bem, não seria obstáculo para uma vida decente e próspera.



Se algumas pessoas, negras, brancas, amarelas ou vermelhas, soubessem “possuir” a força que têm dentro de si, e que é incolor, talvez tivessem oportunidade de se livrar das obsessões maléficas que lhes mancham o caráter com cores desbotadas e foscas.



 






Embarca neste olhar sedutor... Vai!
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