No intervalo rápido entre um voto e outro, perturbado por uma incógnita vontade de escrever, vi-me de repente parado, pensando nos últimos acontecimentos. Ontem à noite, em edição especial, o jornal da Globo trouxe a notícia da morte de Leonel Brizola.
Aí eu fiquei pensando na importância desse gaúcho de língua desataviada, político matreiro e críticoas vezes destemperado na moderna história da vida política do nosso país.
Nunca fui seu eleitor, mas tinha uma nunca dantes revelada admiração por ele. Aquele linguajar peculiar, a maneira contundente de apontar defeitos, a capacidade de tocar fogo nas discussões quando havia debate na televisão.
Da última vez que o vi na telinha, verberava contra Lula, mostrando que ele se encontrava em débito para com o país, pois fizera promessas na campanha e agora fazia ouvidos de mercador às cobranças.
Sim, aquele era o Leonel Brizola, político vindo de antes da revolução militar, governador do Rio de Janeiro, governador do Rio Grande do Sul que agora, seguindo no rumo de outros rincões, vai fazer a sua política verbal perante as legiões espirituais.