O ensaio de Milene Arder (Eternamente...Em minha lembrança) é interessante num sentido filosófico. Por sermos dotados de inspiração, atraímos outras pessoas. Estas, pensando encontrar o mundo mágico, sorrateiam nos sentimentos individuais alheios.
Porém, torna-se uma obra mais pra poesia amorosa do que um ensaio dos verdadeiros sentimentos humanos.
Em sua linha cronológica, primeiramente ela inicia por uma aresta: podemos desvendar os segredos dos sentimentos, descobrindo um amor único. Até aqui, tudo bem. Continuando. Segundo ela, essa descoberta acalenta uma característica infantil do ser humano. É obvio, por ser uma tarefa de ociosidade no âmbito racional, ficamos a par do mundo real. Na verdade, neste ponto, há inexistência de proposta de pensamento por parte de Milene. O ócio denota uma ignorância do racional que deixa indivíduos na berlinda da ciranda sentimental. Então, caso se queira seguir a idéia de Milene, melhor não buscar os nossos sentimentos para não adquirir lógicas infantis e entrarmos em aparato irracional. Nesse mesmo caminho, quebra-se a idéia do amor único, sugerido por ela.
Denoto, também, outra contradição da escritora. Por que não amamos? Não é de obrigatoriedade sermos crianças para amar outrém. A incerteza do amor é causa justamente do mundo físico e não de determinações cósmicas como ela propõe. Os sete pecados capitais pode ser uma dessas causas. Se maduros, amamos com certeza. Desconheço motivos que levam a autora conceber ensaios sugerindo que o amor é fantasia. Não precisa sair do mundo físico para amar.
Acertou em suas metáforas. Contudo, a análise do amor, para ela, liga-se a poesia. Se essa é a âncora de pensamento da autora, não deveria amarra-se de poesia para desatar ensaios sobre sentimentos de amor. A autora, em transe emocional, formulou idéias impalpáveis do ponto de vista lógico-ensaíta.