993300>Num ápice e inesperamente, quiçá para mais ilustrar-se, a morte fez uma visita ao pecúlio vivo do intelecto genuinamente português: Sousa Franco, Sophia de Mello Breyner Anderson, Henrique Mendes e Maria de Lurdes Pintassilgo, quatro influentes personalidades do edíficio humano da portugalidade, deixaram de estar fisicamente entre nós.

Sousa Franco, que deveria liderar a bancada do Partido Socialista Português no Parlamento Europeu, após um polémico comício entre os dois "lacraus" de Matosinhos, faleceu repentinamente quando regressava ao hotel onde estava alojado.

A Sophia, actual lídima pluma da poesia lusitana, sob o peso do tempo-mesmo-tempo, desfaleceu tranquilamente e finou-se em recatada paz, como aliás com a sua peculiar ternura em vida fez por merecer.

A Henrique Mendes, um dos mais mediáticos apresentadores da rádio e da televisão portuguesa, cuja longa carreira por último veio a envolvê-lo em vários papeis de telenovela, uma paragem cardíaca colocou termo aos seus dias, deixando sua esposa Glória de Matos inconsolável.

Maria de Lurdes Pintassilgo, ex-primeira ministra, mas sobretudo uma humanista de grandeza ímpar, quando ninguém esperaria para já semelhante desfecho, fechou tranquilamente os olhos e também partiu para o outro lado do espaço.
É de referência e costume comum, à boca das urnas, dizer-se que "não somos nada", etc. e etc., espécie de fumaça anódina para descomprimir a realidade. Mas de facto somos e de tal modo somos, que alguns de nós ainda conseguem ser mais do que eram em vivos após a morte. Estranho... Né?!... É inequívoco que os vivos apreciam imenso os que deixam de fazer despesa e ainda por cima proporcionam rendimento. Vivo é esperto!...
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