 993300>1920 - Amália da Piedade Rodrigues afirmava ter nascido de facto a 1 de Julho, porque assim lhe tinham transmitido ainda muito menina, embora o registo oficial mencione o dia 23, situando seu nascimento na Rua Martim Vaz, freguesia da Pena, às portas da Mouraria, em Lisboa.
Seus progenitores eram oriundos da Beira Baixa, mas à data e havia alguns anos já, estavam radicados no burgo alfacinha, sendo Amália a quinta descendente entre os nove filhos do casal.
Todavia, para Amália, o importante, que manifestava para si essencial, foi ter nascido condignamente pobre no tempo das cerejas e que Leão fosse o seu signo.
1921 - Os pais de Amália, por dificuldades económicas e instante recurso de sobrevivência, vêem-se obrigados a regressar à Beira Baixa, deixando Amália a cargo dos avós maternos.
1929 - Entra para a escola primária, na Tapada da Ajuda e é numa festa escolar que canta pela primeira vez em público. Entretanto seus pais voltam de novo para Lisboa, mas Amália continua a viver com os avós.
1932 - Após terminar o ensino primário, arranja emprego como bordadeira, mas logo no ano seguinte consegue colocar-se nas fábricas de bolos da Pampulha, passando então a viver com os pais e os irmãos na zona operária junto ao Tejo.
1935 - Com a irmã Celeste, dois anos mais nova, vai trabalhar numa loja de recordações, no Cais da Rocha, acompanhadas pela mãe, vendedora de fruta.
Depois de os responsáveis da Marcha de Alcântara a ouvirem cantar na rua, como era seu hábito, foi a principal solista do agrupamento e desde aí as marchas populares ficarão para sempre no seu reportório.
Num evento de beneficência, Amália canta em público, então pela primeira vez acompanhada à guitarra por seu tio, João Rebordão.
1938 - Increve-se no Concurso da Rainha do Fado dos Bairros de Lisboa, no qual não chega a participar, pois as outras concorrentes ameaçaram desistir se ela concorresse, e Amália acaba por desistir da participação.
No convívio do concurso conhece Francisco da Cruz, um jovem de 23 anos, torneiro mecânico e guitarrista amador, com quem se casará em 1940, mas o casamento durará apenas dois anos.
Amália foi entretanto notada por um ouvinte que a recomendou a Jorge Soriano, director da casa de fados Retiro da Severa. A audição que se seguiu foi um sucesso, mas para não contrariar a família, acabou por não aceitar o convite para fazer parte do elenco profissional.
No papel de fadista amadora exibe-se em vários locais sob o nome de Amália Rebordão, devido à celebridade de seu irmão Filipe Rebordão, então pugilista bem conceituado.
1939 - Finalmente estreia-se no Retiro da Severa, tomando decidida e decisivamente a profissão de fadista. O êxito como artista exclusiva do Retiro é um sucesso e espalha-se por Lisboa inteira na boca do público que ouvia suas interpretações, o que de imediato a tornou em incontornável cabeça de cartaz.
1940 - Canta no Solar da Alegria, Café Mondego e Retiro da Severa, como artista principal e já com reportório próprio, altura em que José de Melo passa a ser seu empresário. É este que aconselha Amália a afastar-se da gravação de discos sob o argumento de que isso afastaria o público das casas de fado.
É neste ano que Amália casa com Francisco da Cruz e vai viver para casa da família do marido, em Algés, tendo também iniciado colaboração com os grandes poetas João Linhares Barbosa, Frederico de Brito e Gabriel de Oliveira.
Logra ainda estrear-se no palco do Teatro Maria Vitória e actua na revista "Ora Vai Tu!", na qualidade de atracção convidada. É nesta altura que começa a surgir toda vestida de preto e de xaile negro.
1941 - O realizador cinematográfico António Lopes Ribeiro convida-a para integrar o elenco do filme "O Pátio das Cantigas", mas o maquilhador António Vilar, apontando-a como pouco fotogénica, faz com que o seu papel acabasse por ser atribuído a Maria Paula.
Canta no recinto fadista da Cervejaria Luso, recebendo um conto de réis por actuação, quantia exorbitante nunca antes paga.
É ainda atracção na revista "Espera de Toiros" no Teatro Variedades, onde interpreta três fados. Do elenco faziam parte Mirita Casimiro e Vasco Santana.
1942 - Estreia a revista "Essa é que é essa", no Teatro Maria Vitória, onde é primeira figura na criação de "Maria da Cruz". É aqui que encontra o compositor Frederico Valério, o qual, descobrindo toda a beleza da sua voz, compõe-lhe os êxitos que constituirão o principal alicerce da sua carreira. Do elenco faziam parte Alberto Ribeiro, Laura Alves, Costinha e Luísa Durão.
Segue-se a estreia da revista "Boa Nova", no Teatro Variedades, onde Amália faz um êxito rotundo ao lado de Hermínia Silva, Erico Braga e Costinha.
Torre da Guia = Portus Calle
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