“Nada justifica a atitude doentia que produziu o atentado”. É talvez a única frase que demonstre traços de sanidade mental no autor do referido artigo.
Estamos diante de um futuro advogado que acha normal “extirpar cuidadosamente” pessoas que pensam de maneira diferente da dele, principalmente sendo os “intelectuais brasileiros membros do PT”. Esquece que o PT administra importantes cidades do país com muito mais transparência e honestidade que seus antecessores “democratas liberais” e pensa que o PT é um partido de estudantes e intelectuais sonhadores que passam o tempo juntando pólvora para a revolução, construindo o “cenário perfeito para a total dominação esquerdista”.
De um ponto de vista reacionário e cruel, distorce a sensata opinião da corrente de articulistas norte-americanos que visualizam a armadilha armada para Bush com o intuito de desestabilizar os governos pró-americanos no Oriente Médio. É claro, o povo dos EUA, em sua maioria quer a guerra. Quer a vingança. O olho por olho; o dente por dente. Quer porque foi ultrajado, teve seus símbolos destruídos e porque viu pessoas comuns terem suas vidas interrompidas explosivamente. Quer cegamente, porque ficará longo tempo na tentativa de reconstituir pedaços de vidas dos outros, em um quebra-cabeça de infinita duração.
Assim foram os extermínios a que o autor se refere, e todos na história da raça humana. Assim o foram também em Sabra e Chatila, quando aconteceram quase 20 mil mortes, civis em sua maioria, pelas armas de ferro e fogo israelenses apoiadas pela insanidade do secretário americano Haig. Foram quase dois meses de estupros, ventres abertos, gargantas e mãos cortadas. Aconteceu também na guerra do Paraguai. Ou pensam que em escolas daquele país não falam que a história teria sido muito diferente se não fosse o massacre cometido pelo imperialismo brasileiro?
Exato. Nada justifica a atitude doentia que produziu o atentado. Não importa se o corpo foi estraçalhado por arma ou bloco de concreto. Se pela mão impiedosa do soldado ou o pedaço do avião. Não importa se a alma é católica ou muçulmana; se a voz é americana ou afegã. Pessoas não podem ter suas vozes caladas assim.
Nossa raça humana precisa compreender que nem a política, nem a democracia e muito menos a pena de Talião justificam os atos de barbárie. A hora deve ser de busca aos responsáveis, provas, julgamento, enfim, justiça e acima de tudo, reflexão. A “nova ordem mundial” deve ser de paz.
Enquanto em qualquer tipo de mídia, pessoas encontrarem espaço para usar palavras como “extirpar” em relação a vidas humanas, corremos sério risco: o de continuar assistindo nos próximos tempos, tragédias iguais, porém com mais tecnologia.