Aproxima-se o dia da criança e, como em todos os outros que já passaram, o menino que fui e que, na verdade, nunca me abandona, começa a ficar indócil às minhas costas, tentando fazer saracoteios e outras traquinagens.
É que, de certo modo, a gente nunca envelhece do lado de dentro. A casca, o exterior, pode sofrer a ação do tempo, os cabelos ficam embranquecidos e ralos, o rosto se enche de rugas, as mãos pintalgadas, as pernas trôpegas, mas a alma permanece jovem, aberta aos dias de antanho com os quais vive em permanente sintonia.
É por isso que os avós e os netos se dão tão bem. Fácil podemos surpreender as duas pontas das gerações se comunicando de forma tão perfeita.
Hoje, recordando a minha infância e a infância dos meus filhos, estou feliz em poder vivenciar a infância dos meus netos. Triste de quem não pode lembrar os dias tão mágicos e bonitos da infância.