Número do Registro de Direito Autoral:134315510392258400
Prescrição de uma Lua Cheia de Peixes
Abra o baú de s o n h o s..... Detalhadamente e perscrute seu interior. Identifique aqueles mais caros e quase esquecidos. Tome-os terna e cuidadosamente, um a um, em suas mãos.
Ausculte o batimento de seu tambor interior, avalie territórios e o jeito de caminhar... Respire fundo. Encontre fôlego e sopre-os com a mais vibrante energia de seu coração.
Verifique se a poeira do desencanto já está se desvanecendo e se um brilho antigoNovo volta a cintilar.
Repense prioridades, recoloque, então, amorosamente, esses sonhos recuperados, revificados, em sua estante pessoal.
Prepare uma banheira de espumas. Deixe emergências, ansiedade e dores do lado de fora.
Vagarosamente sinta o conforto da água quente e perfumada em seu corpo.
Observe atentamente os reflexos e cores que te agradam nas bolhas de sabão, Sopre-as delicadamente para o alto. Mais e...........mais.... mais.......
Com hábeis, valiosas e treinadas mãos do quotidiano massageie meticulosamente seus pés, enquanto lava a alma. Vá em frente, acaricie o fundinho de seu umbigo.
Observe a beleza no duro do bico de seus seios molhados. Amamente o amor de sua vida. Deleite-se, especialmente, estimulando o prazer de oferecer o peito esquerdo a seu amor-próprio.
Tenha pressa em ser tolerante ao ponto do quase esquecimento de enganos e desapontamentos. De lá e de cá... Mas não os apague completamente.Deixe só um pouquinho para servir de impulso e para te dar coragem. Para valorizar mais e melhor as diferenças... ...
Tenha calma, assertividade, para imaginar a realização adequada do que realmente hoje tem sentido e valor para você.
Ao terminar,seja objetiva e prática, escoa a água usada, solte no ralo,dissolva,
libere e despeça-se do que não vale a pena.
Tome,em cálice de cristal colorido,uma merecida dose de lethos em memória do que não tem merecimento.
Enxugue-se com maciez, lembre-se da generosidade, da brevidade da vida e
vista um aconchegante e reanimador agasalho de esperança.
(Lourdinha Biagioni, BH, 8h10m de 13 de março de 2003)