O texto literário precisa ser escorreito, limpo, desataviado e, necessariamente, inspirado.
O autor, mesmo nos momentos de maior introspecção, deve atentar para um detalhe importantíssimo: o leitor não está nas entranhas de quem escreve, não pode intuir tudo que sai da mente do escritor.
A clareza é fundamental. Não se deve cair no engodo das armadilhas que a lingua apresenta, das dificuldades de manifestar, por escrito, aquilo que a gente sente bem dentro do nosso espírito.
A frase, de preferência, deve ser curta, mas sem sacrificar a idéia. O vocabulário tem que estar ao nível dos leitores, do seu comunicar coloquial, pois se evitará demasiadas consultas ao pater asinorum.
São observações, são regras básicas de comunicação que a gente precisa por em prática, mas que algumas vezes, mesmo aqueles mais atentos, perdem-se no emaranhado das frases pomposas, nos vocábulos de uso raro e, consequentemente, conduzem os leitores ao enfado.
Tais conselhos me foram dados, há muitos e muitos anos, no início da minha caminhada de escrivinhador, por consagrado escriba de nossa província, já falecido. Ele sublinhou nos meus textos palavras que deviam ser evitadas. Prestei muita atenção e, dali para a frente, lendo os seus escritos, ao cabo de seis meses pude anotar todas aquelas palavras proscritas nas frases das suas encantadoras crônicas.
É isto aí! Você dá conselhos e aponta regras, mas, no duro, no duro, é muito difícil pô-los em prática.