“A coisa mais bela que podemos experimentar é o mistério” (Albert Einstein)
Se desta vez não for para verdadeiramente transcender e ver o natal como um mistério quântico que se colapsa, para que um outro natal? Se não for para ir além da cegueira que afirma que não dá para afirmar que Cristo nasceu dia 25 de dezembro, fazendo da negativa do dogma um outro dogma, para que outro natal? Se não for para se conhecer mais profundamente no diálogo com o outro, para que uma nova missa de natal? Se não for para pensar que o cônjuge pode ter mais razões do que até hoje foi admitido, mesmo nos pontos que “não há como ser diferente”, para que um outro natal? Se não for para pensar que os evangelhos apócrifos podem trazer conhecimentos tão ou mais importantes que os oficiais, para que repetir os rituais de um velho natal? Se não for para tentar sair da janela que se usa para olhar o mundo e que até hoje foi usada para justificar as crenças, para que um outro natal? Se não for para trocar de óculos, para que, de novo, um natal? Se não for para sair do obscurantismo inerente a toda parte da religião que se fecha em si mesma, para que celebrar o nascimento daquele que veio para libertar? Se não for para parar de julgar a outra religião que até pode ser boa, mas infelizmente não é perfeita como a minha, para que um outro natal? Se não for para abrir mão de idéias, regras e dogmas que, de repente, podem não estar coerentes com o conceito de um Deus que ama incondicionalmente, para que se enganar nos velhos e conhecidos ritos do natal? Se não for para questionar que qualquer grupo político, científico ou religioso que se fecha em si mesmo para fugir das regras intolerantes do outro grupo, acaba caindo na mesma armadilha e ficando igual ou pior, para que celebrar de novo o natal? Se não for para admitir que a minha crença pode não estar equivocada totalmente, mas que pode perfeitamente ser uma parcela de uma verdade maior, para que um outro natal? Se não for para admitir que o apocalíptico “eis que faço novas todas as coisas” está dentro de mim mesmo e que o joanino “não sabíeis que sois deuses?” é mais para eu saber da veracidade da fala paulina “tudo posso naquele que me dá forças” e menos para ficar esperando os milagres de fora, para que um outro natal? Se não for para sequer admitir a possibilidade de serem verdadeiras algumas das afirmações do “Código Da Vinci” ou da “Profecia Celestina” e de se viver numa religião com menos medos e limites intoleráveis, para que um outro natal? Se não for para admitir igualmente que o prometido Deus conosco pode, por opção unicamente minha, transformar a minha própria família e minha vida, para que um outro natal? Se não for para ir além dos que se servem das barricadas de seu grupo científico ou religioso para se abrir à luz fulgurante da estrela guia que aos que a desejam se mostra, para que insistir com os amigos, ou pior ainda, com os filhos, de que é preciso celebrar o velho natal? Se não for para se comprometer a começar um ano totalmente novo, para que um outro natal? Se não for para admitir que o outro pode não ser perfeito, mas pode saber algo que eu não sei, para que repetir um rito vazio? Se não for para admitir que o jeito antigo de ver o natal é tão útil para o ser humano quanto a ciência clássica o é para a transcendência, para que um outro natal? Se não for, então, para se colocar “de cabeça”, peito aberto, na incessante, gratificante e misteriosa busca de Parsifal pelo cálice da vida, achando ser necessário continuar seguindo apenas os ritos oficiais permitidos, saiba que seu natal pode ser tão inócuo e insosso quanto ao daqueles que passarão pela data apenas comendo, bebendo e comprando.