Quanto mais conheço e analiso aos homens, mais me decepciono com a raça humana, apercebendo-me de sua inconstância e hipocrisia.
Muitas vezes me vejo como se diante de uma enorme tela de cinema, com um filme confuso a passar... histórias paralelas e muitos atores, atores representando suas próprias vidas e frequentemente penetrando tanto dentro dos papéis que eles próprios criaram, fundindo tanto a realidade com a fantazia, chegando ao ponto de não mais saber diferenciar uma da outra.
Criamos máscaras, por diversos motivos as criamos: Para nos proteger, para fugir da dura realidade ou fazê-la parecer mais amena, para conscientemente enganar aos outros obtendo proveito próprio, ou as vezes também para inconscientemente enganarmos a nós mesmos (isso geralmente quando não nos aceitamos pelo que somos, julgando fútil nossa própria exêndia ou nossas vidas). Assim, tudo se torna uma grande farça, o mundo um palco e as situações vividas não passam de ficções.
É triste pensar assim, talvez fosse melhor não enxergar o mundo dessa forma, provavelmente mais fácil seria fazer parte da maioria, escolher um roteiro qualquer e o ir levando conforme melhor me conviesse. Mas por algum motivo aprendi a amar a verdade acima de todas as outras coisas, por mais dura e perversa que ela seja. Não me agrada a idéia da mentira, e se não puder ser honesta comigo mesma, fazendo-me acreditar em ilusões fantaziosas, o que não poderei fazer com os demais?!
Infelizmente ainda há outra situação mais estranha do que parecer estar em frente àquela grande tela de cinema, é a de estar no meio do filme e fazer parte de seu roteiro. Olho ao meu redor e me sinto perdida, chega a ser quase impossível distinguir o real do irreal, pois mitos creem nas fantazias que criam, tornando seus personagens vivos e perfeitos demais, entretanto a verdde um dia vem a tona, ela sempre aparece, e isso acontece geralmente quando já cremos e aceitamos a fantazia como sendo real, aí, vemos o mundo cair ao nosso redor, e ver que tudo em que acreditávamos era mentira nos faz sentir desesperados e perdidos, até que tombo após tombo, dor após dor, desilusão após desilusão, passamos a tentar nos auto-proteger, e já não podemos crer em nada mais, fazendo vã e sem sentido a vida.
É famosa a frese que diz: “Nenhum homem é uma ilha.” , todos somos carentes de afeto humano e necessitamos, em maior ou meno grau, de outros para nos relacionar, creio que todos necessitamos de amor, apesar de muitos não aceitarem o fato, julgando tal necessidade como uma fraqueza. Mas há de fato um grande problema envolvido em tal necessidade, é que na maioria das vezes cremos saber exatamente o que desejamos e precisamos, sem realmente o saber. Esse engano trás como consequência dor a nós mesmos e a muitos, muitos outros.
Mas ainda infelizmente, temos uma natureza egoísta e costumamos nos colocar acima de qualquer outra coisa – mesmo que essa “coisa” seja outra vida humana, assim, enquanto não nos resolvemos conoscos mesmos, damos continuidade a farça e seguimos representando, fazendo experiências com vidas alheias , envolvendo-as em nossas incertezas e complicações, sem nos preocuparmos com as consequências que nossos atos lhes trarão. Mostramo-nos fortes, decididos, dizemos e afirmamos muitas coisas, fazemos promessas e ... aí, de repente percebemos que erramos e que não era bem aquilo que queriamos ou sentiamos, então, em nosso egoísmo, torna-se fácil virar as costas sem dar explicações e seguir na busca do que desejamos, ou de tentar descobrir o que realmente almejamos, ainda que isso custe lágrimas e dores alheias, que por sua vez também encher-se-ão de amargura, aderindo da mesma forma ao jogo da farça e egoísmo que parece dominar nosso mundo.
É realmente difícil tentar viver como cordeiro em meio a lobos, e ser diferente é ser apontado como estranho, e aquele que tenta levar ou viver a verdade não é aceito e nem visto com bons olhos.
Tudo o que desejo na vida é de um pouco menos de hipocrisia, tudo o que mais anseio é ter ao meu lado alguém real, que siga seus dias junto a mim, um verdadeiro companheiro, um amor sincero, sólido e não hipócrita, que conheça o real sentido da vida e o maior valor que ela possue.
Mas sigo olhando ao meu redor e tudo o que vejo são atores, atores representando suas próprias vidas, quase sempre sem se dar conta da atuação.