Ora fantasiosa, ora extremamente confidente, Eva Braun abre espaço entre os escritores do Usina de Letras com carismática forma de escrita que, a olhos rápidos, lembram a melancolia psíquica de Clarice Lispector.
Anteriormente amarrando-se a cartas ao seu "amado" Adolf Hitler, acabou por ficar obscurecida e muitas vezes, não levada em conta. Seus escritos "vindos do além", parecem ter saído do nimbo obscurecido e sido lapidado para maravilhas que apenas poderei classificar como "divinas".
Um exemplo claro de que Eva não está aqui para simplesmente passar sem ser notada está no texto Oi, Medea que conta, carinhosa e saudosamente, um episódio (da vida de Eva?) onde as personagens mesclam dor e conveniência tendo um final derrotista de pessimismo corajoso. Explicarei "pessimismo corajoso" da seguinte forma. Ao confessar seu "descaso" pelo pai, intimamente a personagem passa por um processo de auto-flagelo, onde todas os eventos posteriores ao de seu "pecado" (não no sentido Bíblico, mas como ato de transgressão da norma, ultrapassar a possibilidade, sobrepor as próprias barreiras) passam a ser conseqüências dos mesmos. A personagem não vê outra saída se não terminar de forma trágica (mesmo sendo esse trágico apenas psicológico, em uma visão unilateral).
Portanto, caso procure um texto leve, mas com o poderio de prender o leitor até o final, uma boa pedida são os novos textos dessa autora.