RADIESTESIA
Movimentos musculares inconscientes – Varinhas e pêndulos em radiestesia não se movimentam pela ação direta de radiações, seja qual for sua natureza, nem pelo influxo de espíritos, minerais, aqüíferos, dos mortos, nem por ação do diabo ou de Deus, como alguns atribuem. Se o instrumento se movimenta é porque a pessoa que o segura imprime uma ação muscular provocada por idéias ou percepções inconscientes.
A realidade destes movimentos involuntários e inconscientes que acompanham a todo ato psíquico é incontestável. A vasta pesquisa psicológica acerca do assunto já é de longa data. Estudos interessantes e definitivos sobre os movimentos reflexos das idéias conscientes ou inconscientes foram realizados por Chevreul, Ampère, Arago, Babinet, Moigno, Pierre Janet, Pavlov, o próprio Jung, Lehmann e Hansen na Universidade de Copenhague, Vasiliev, na Rússia, etc.
Leonid Vasiliev descreve algumas experiências neurofisiológicas probatórias dos atos ideo-motores: “Aparelhos muito sensíveis de registro eletrográfico constataram que a idéia de um movimento ou de um objeto visual vinculado a um determinado movimento, vem acompanhada de uma série rítmica de impulsos que atuam sobre os músculos responsáveis pelos movimentos imaginados. Tais impulsos são enviados aos músculos através das vias nervosas piramidais, pelos neurônios do córtex, cuja atividade se acha associada à idéia motora imaginada pelo sujeito da experiência. Por exemplo, só a idéia de um objeto muito alto faz com que os impulsos estimulantes convirjam para os músculos dos globos oculares, que tem por função fazer com que os olhos girem para cima. Um galvanômetro suficientemente sensível é capaz de registrar as fracas correntes elétricas que acompanham os impulsos estimulantes criados pelas palavras pensadas (linguagem muda)”.
A fim de poder ser registrado, os eletrodos ligados ao galvanômetro são aplicados nos lábios, na língua e nos músculos da pessoa, isto é, nos órgãos responsáveis pela fala.
Os cientistas do Instituto Prótese de Moscou usaram as correntes bioelétricas construindo um modelo de mão humana de metal com os dedos móveis. O mecanismo acha-se ligado, por fios, a uma tomada de corrente em forma de aro; quando a mão é colocada como se fosse uma pulseira no pulso de uma pessoa, faz os movimentos imaginados pelo individuo. Se pensar que está fechando sua mão, a mão artificial fará o movimento. O "milagre" técnico desenvolve-se da seguinte forma: O cérebro, ao pensar no movimento, envia aos músculos da mão, os impulsos correspondentes, ou seja, as correntes bioelétricas que produzem a contração de tais músculos. As biocorrentes da mão são captadas pela tomada de correntes e são por sua vez transmitidas ao amplificador, que possui um dispositivo especial para por em movimento os dedos da mão mecânica.
O Dr. Jean Jarricot realizou em grande número de experiências com a ajuda de aparelhos que registravam automaticamente o ritmo respiratório e os movimentos do pêndulo. Chegou à seguinte conclusão: O ritmo respiratório anima o pêndulo.
Parece lícito pensar – conclui Jarricot – que as oscilações do pêndulo estão relacionadas por uma parte, aos tremores dos músculos que sustentam em semi-contração o braço. Mas estas oscilações mudam de ritmo e de intensidade quando o radiestesista estima que o comportamento do seu pêndulo seja significativo. É impossível não admitir o concurso de uma influência psico-motora sob o fundo dos tremores de origem mecânica.
No atual estado das coisas, podemos tirar uma conclusão de bastante importância. Parece inútil apelar às forças misteriosas para explicar os movimentos do pêndulo. Neste fenômeno tão simples só encontramos a transmissão do automatismo respiratório e das manifestações emocionais.
Estas manifestações emocionais foram muito bem analisadas por Chevreul. Há pouco mais de um século, este sábio francês estudou os movimentos do pêndulo a partir de experiências pessoais. Observou que seu pêndulo oscilava sobre um recipiente cheio de mercúrio e que ficava parado quando retiravam o mercúrio. Interpunha chapas de vidro ou de resina, maus condutores de eletricidade, e o pêndulo se imobilizava.
Chevreul pensou ter controlado o fenômeno porque podia fazê-lo aparecer à vontade. Porém, uma dúvida o levou a realizar novas experiências: se o pêndulo se movimentava não seria porque ele mesmo queria que se movimentasse? Começou novas pesquisas, desta vez com os olhos vendados: as indicações do pêndulo resultaram incoerentes. Estas experiências provaram que as manifestações emocionais provocadas por uma percepção consciente ou inconsciente (ou por uma pseudo-percepção) estavam na base dos movimentos do pêndulo.
É tal o acúmulo de fatos comprovados e de estudos acerca dos movimentos involuntários e inconscientes que o Dr. Bain enunciou a seguinte lei: "TODO FATO PSÍQUICO DETERMINA UM REFLEXO FISIOLÓGICO E ESSE REFLEXO SE IRRADIA POR TODO O CORPO E CADA UMA DE SUAS PARTES".
Se levarmos em conta que estas descargas bioelétricas que põem em movimento determinados músculos podem ser provocadas por um ato psíquico inconsciente, compreenderemos que a vara do rabdomante (aquele que executa a radiestesia) ou o pêndulo movimentam-se em decorrência de impulsos inconscientes.
O radiestesista percebe ou capta que em determinado lugar encontra-se o objeto por ele procurado. Esta percepção, mais ou menos inconsciente, provoca no adivinho uma reação fisiológica muscular, capaz de movimentar o instrumento mantido em equilíbrio instável.
Recorrer, portanto à varinha ou pêndulo é recorrer a uma linguagem particular para expressar as mensagens provenientes do inconsciente. Nenhum cientista ousaria hoje afirmar que os aparelhos de radiestesia se movimentam pelo influxo direto de radiações, sejam estas de natureza conhecida ou não.
O problema não se coloca mais em tentar explicar a causa do movimento da varinha, mas em descobrir qual seja a origem da percepção inconsciente captada pelo cérebro do operador.
A Ação Radiestésica – Existem inúmeros procedimentos usados pelos rabdomantes em suas pesquisas, mas todos eles obedecem essencialmente a uma sistematização que pode ser resumida nos seguintes itens:
Um Reflexo – Uma perturbação física que aciona o instrumento. É o modo que o operador tem de perceber se está no caminho certo ou errado na sua busca. O movimento da varinha seria o indicador deste reflexo inconsciente que alertaria o dotado acerca da existência ou não do objeto por ele procurado. Este reflexo depende de certa sensibilidade mais ou menos viva em cada um.
Os instrumentos de radiestesia são forquilhas de madeira ou metálicas, pêndulos, simples varetas ou em geral qualquer objeto que fique em equilíbrio instável quando segurado pelo dotado. A instabilidade facilita a manifestação do reflexo inconsciente, que mesmo sendo fraco, pode desequilibrar o instrumento. É uma técnica que serve para manifestar sensivelmente que o psiquismo do adivinho foi atingido por uma percepção real ou imaginária, que o ajudará a resolver o problema apresentado.
Uma Convenção Mental – O radiestesista atribui previamente uma significação aos movimentos do pêndulo provocados por este reflexo. O pêndulo poderá se mexer em várias direções, mas uma delas precisa e determinada, terá para o adivinho, um significado especial.
A varinha ou pêndulo responde com um movimento já esperado e combinado de antemão: "caso o pêndulo se movimentar no sentido das setas do relógio estarei no lugar certo", poderá ser a convenção mental de um radiestesista; para outro, o sinal positivo será um movimento perpendicular...
Várias outras convenções mentais podem ser "escolhidas" por outros operadores.
Nestes diferentes casos, a hipótese das sensações alucinatórias deve ser considerada porque o conhecimento intuitivo pode corresponder a uma sensação alucinatória, em relação com uma convenção involuntária.
Certos buscadores de água mexicanos pretendem experimentar uma sensação de calor quando passam por cima de uma corrente subterrânea. Outros, como o marroquino Sidi Tayeb bem Abdallah pretendem ver uma espécie de vapor que emanaria das fontes subterrâneas.
Em ambos os casos, a convenção involuntária que provocaria a alucinação pode Ter se formado a partir de uma coincidência entre uma sensação e a percepção de um objeto; ou devido à confiança do aluno em seu mestre que lhe ensinou que tal sensação correspondia a um sinal positivo.
Uma Questão Corretamente Formulada – Graças à atenção seletiva, o equilíbrio do instrumento somente é perturbado por reações psicofisiológicas selecionadas pelo cérebro do operador. O pêndulo não descobre o objeto da adivinhação, manifesta as reações psicofisiológicas com que o inconsciente justifica ou rejeita uma hipótese.
É muito importante que o radiestesista formule clara, objetiva e corretamente a pergunta para a qual ele quer dar uma solução. As perguntas formuladas devem ser concisas e susceptíveis de serem respondidas com SIM ou NÃO: exemplo - existe água nesta depressão do terreno, sim ou não? Esta pergunta renova-se inconscientemente ao longo de toda a experiência.
O pêndulo ou varinha não indicam o lugar do objeto perdido; o remédio eficaz, a solução ideal...; ampliam simplesmente a resposta motora inconsciente a uma pergunta muito precisa, muito concreta, apresentada sob a forma de dilema: sim ou não; verdadeiro ou falso; à direita ou à esquerda: esta direção é boa para encontrar água? Este remédio convém a tal doente? Esta solução é a melhor para este assunto?...
Diversas Técnicas – As formas de operar de rabdomantes e pendulistas são variadíssimas. Não existem normas comuns que regulem a prática desta arte. Cada operador, um pouco por aprendizado, e muito pela sua experiência pessoal, encontra um modo próprio de usar os instrumentos para melhor manifestar as reações físico-mentais inconscientes.
Existem mais de 4.000 modelos diferentes de pêndulo e a cada um deles se atribuem propriedades específicas na captação dos objetos ocultos procurados.
As justificativas que dão para usar tal instrumento e não outro semelhante ainda conserva um forte sabor de irracionalidade. Afinal, qual a vantagem ou desvantagem entre usar um pêndulo feito de chifre de boi, de aço ou de madeira, ou entre usar uma varinha de madeira, arame ou de osso de baleia? Cada um dá sua resposta. Com lógica meramente aparente, mas do conjunto delas, não se pode tirar nenhum rastro de verdade.
Alguns radiestesista usam aparelhos (ondobiômetros, cauterizadores, detectores de pontos da acupuntura, sintonizadores-testemunhas, etc.) alegando terem a máxima garantia de sucesso; mas isto não tem nenhuma consistência científica.
A única justificativa razoável está em relacionar o instrumento com a confiança que o adivinho deposita nele. Certos dotados, para provocarem um fenômeno parapsicológico precisam de condições psicológicas e ambiente adequados: penumbra, concentração em superfícies brilhantes, músicas, cantos, barulhos de atabaques, etc. Assim também, um instrumento específico pode ser para o radiestesista, condição necessária para ele se sentir à vontade, seguro e auto-confiante.
Esse estado psicológico de maior confiança nos resultados esperados é conseguido por outros com a ajuda da "testemunha". Exemplo: se o adivinho quer buscar uma mina de ouro usará um objeto deste metal. A explicação que ele dá é meramente subjetiva: para sintonizar mais facilmente com a mina de ouro, a "testemunha" enviaria suas "radiações", estas voltariam ao lugar de partida, assim que tivessem atingido "ondas gêmeas" emanadas do objeto oculto na mesma amplitude de onda e mil outras razões (que podem até parecer impressionante) sem absolutamente valor real nenhum...
Se levássemos a sério o método da "testemunha", como poderia ser usado pelos radiestesistas "médicos" para determinar o remédio específico? Seria necessário crer que a úlcera de estômago, por exemplo, tem a mesma "longitude de onda" que o carbonato de bismuto...
Nenhuma relação existe entre a "testemunha" e o objeto procurado. Trata-se apenas de uma maneira de estimular o inconsciente ou de manter a atenção constantemente fixa naquilo que se procura. O desejo de perceber e selecionar a influência do objeto foi chamado por Emile Christophe de "Orientação Mental".
Certos operadores trabalham por "impregnação". Eles aplicam o pêndulo sobre algum objeto da pessoa que faz a consulta à distância. O objeto estaria impregnado pelas emanações vitais do dono e estes "restos vitais" seriam a base sobre a qual agiria o pendulista.
Às vezes acertam, mas o sucesso nada tem a ver com tais "impregnações". O objeto torna-se um estímulo para o inconsciente do radiestesista, que poderá, mas não sempre, ter uma adivinhação parapsicológica. (telepatia, precognição).
A Inconsistência dos Resultados – Sendo a radiestesia um método de adivinhação, comparável no fundo, a todas as técnicas multisseculares de abordagem do oculto, seus resultados não podem ser garantidos.
Seria imprudente afirmar que todas as adivinhações radiestésicas sejam fruto de meras coincidências. Às vezes, participa na descoberta um fator diferente do puro acaso. Este fator poderia ser uma percepção extra-sensorial ou hiperestésica. Mas é um grande engano usar a radiestesia como método infalível. Os adivinhos às vezes acertam, outras muitas erram, embora acobertem o erro com explicações sutis, aptas para convencer os menos alertados. (e inclusive, para enganarem-se a si mesmos).
A "pendulomania" chega a extremos de ser aplicada a qualquer tipo de problema. Até para descobrir defeitos no funcionamento do automóvel.
Se os resultados práticos da radiestesia fossem tão seguros quanto seus defensores deixam entrever, o espírito pragmático de nossa época teria adotado a radiestesia como um método insubstituível. Mas o homem prático não se deixa ofuscar por alguns êxitos fascinantes e coloca também na balança o grande número de erros e os enormes gastos em tempo e dinheiro decorrentes de adivinhações falidas.
Muito mais perigoso que a perda de dinheiro e tempo é o risco de perder a vida guiando-se pelos conselhos do pêndulo aplicado à medicina. Um mesmo doente receberá tantos diagnósticos diferentes quantos forem o número de radiestesistas consultados.
Nada mais fácil do que testar a "infalibilidade" dos adivinhos de varinha em mão.
Em 1935, La Vie Catholique, um periódico francês, ofereceu um prêmio de mil francos a quem descobrisse uma massa de prata de 850 gramas que seria escondida sucessivamente em 10 lugares diferentes de uma mesma habitação. O radiestesista deveria acertar ao menos oito vezes em 10 tentativas. O resultado constituiu um fracasso completo. O melhor concorrente não conseguiu acertar senão quatro vezes, havendo apenas 86 soluções corretas nas 860 apresentadas. A proporção estava de acordo com o cálculo de probabilidades.
O médico francês Augusto Lumiére fez experiências com radiestesistas que determinavam o sexo de animais e pessoas, trabalhando somente com fotografias. Foi feito o diagnóstico do sexo masculino em 44% dos casos e do feminino nos 56% restantes. O erro foi enorme, pois Lumière só forneceu fotografias de meninas...
Em outra experiência, Lumière enviou 30 amostras de sangue a um radiestesista famoso que diagnosticava à distância. Vieram 30 diagnósticos diferentes, apesar de terem sido as amostras tiradas de 10 pessoas, três de cada uma.
O Dr. E. Pascal apresentou a um famoso radiestesista uma mecha de pelos negros, pedindo-lhe o diagnóstico O radiestesista colocou o pêndulo sobre os pelos, enquanto com a outra mão, movimentava um lápis sobre uma gravura anatômica do corpo humano. Eis o resultado, confirmado por carta após um segundo exame: "Trata-se de um homem moço, cuja faringe é fraca, existindo colibacilo no sangue, estado febril e carcinoma do pâncreas." – Na realidade, tratava-se de pelos de um cachorro buldogue jovem e robusto.
A descoberta radiestésica poderia ter diversas causas: 1) Uma dedução lógica, consciente, com base na experiência prática do rabdomante. 2) Percepção de radiações ou "sinais" (geológicos, topografia, etc.) que são captados hiperestesicamente e interpretados pelo dotado, mesmo que seja de uma forma inconsciente. 3) Percepção paranormal do objeto procurado; por telepatia ou por clarividência.
- OOO -
Texto de Pablo Garulo, publicado na Revista de Parapsicologia, número 21,
sob orientação de Oscar González-Quevedo, S.J. – Professor, Doutor e Padre,
Diretor/Presidente do CLAP – Centro Latino-Americano de Parapsicologia,
“um dos centros parapsicológicos de maior prestígio a nível mundial”.
--------------------------------------------------------------
Transcrito por Luiz Roberto Turatti,
do “BOLETIM DE PARAPSICOLOGIA N.º 7”,
elaborado por Carlos Orlando,
da OEP – Organização de Estudos Parapsicológicos.
|