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Artigos-->A FENOMENOLOGIA DO TRANSE (2.º de 2) -- 17/02/2005 - 22:18 (LUIZ ROBERTO TURATTI) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

A FENOMENOLOGIA DO TRANSE (2.º de 2)



Mil maneiras de alcançá-lo –
Os métodos usados pelos hipnotizadores para levarem seus pacientes ao transe são tão variados quanto possamos imaginar. Não existe um método padronizado que sirva de base aos outros ou que atinja melhores resultados. Na hipnose, o método é criado pelo próprio hipnotizador e os sucessos dependem mais de sua autoridade, prestigio ou segurança que do método em si mesmo.



Mesmer foi o primeiro a induzir no transe como meio clinico de "curar" certas afecções. O objeto de suas sessões de "cura" era provocar grandes crises convulsivas consideradas na época extremamente saudáveis. Nenhuma diferença encontraríamos, a não ser na forma de indução, entre as crises mesméricas e o estado de transe convulsivo. Mesmer valia-se de toda uma encenação impressionante: a crença em eflúvios magnéticos ricos em virtudes curativas; música suave e penumbra na sala; silêncio absoluto por parte dos pacientes enquanto ele andava vestido com uma túnica de seda lilás; toques com uma vara de ferro nas partes afetadas pela doença; passes e toques com as mãos; a tina cheia de água "magnetizada"; enfim, todo um ambiente que oferecia condições reconhecidamente encorajadoras do transe em sujeitos predispostos.



Nas crises mesméricas, porém, assim como em qualquer outro método hetero ou auto-sugerido de indução no transe, nada há além dos condicionamentos ambientais ou da capacidade de auto-sugestão dos sujeitos. A Academia Francesa de Medicina demonstrou que: "a imaginação separada do magnetismo produz convulsões, e o magnetismo sem imaginação nada produz".



Hoje, além da sugestão ou imaginação, a bioquímica, medicina e psicologia encontram outras explicações cientificas para o uso de inúmeras técnicas alteradoras do campo da consciência. Enumero algumas entre as mais usadas:



Danças rítmicas e saltos – Estão entre os principais métodos de induzir a estados de êxtase em que uma pessoa se sente dominada por uma força ou um ente superior. Vimos antes como eram praticadas por chineses e aissauis do Islã. O grande feiticeiro da Caverna de Trois Frères, talvez a mais famosa gravura pré-histórica de um dançarino, este revestido com despojos de animais, imitando na dança os movimentos destes, provavelmente para sentir-se possuído pelo "espírito" do animal que será caçado. Nos cultos africanos e afro-americanos, a dança rítmica é parte integrante do ritual, e assim em todas as culturas e civilizações a dança é um método dos mais empregados para chegar ao transe.



O movimento rítmico prolongado exige muito esforço muscular e logo

começa a causar exaustão física e nervosa. Isto provoca um alto nível de álcalis no sangue, e que conduz à alcalose cerebral. “Sabemos - diz Sargant - que a alcalose cerebral tende a produzir transe e comportamento sugestionável. Sem dúvida, as batidas fortes com os pés e as danças rítmicas criariam mais ácido láctico no fluxo sanguíneo, por causa do excessivo esforço muscular envolvido”.



Respiração anormal – A alcalose cerebral pode também ser provocada por uma respiração intensa e rítmica; nestes casos, “o carbono, em um ácido, é eliminado do fluxo sanguíneo, e isto frequentemente conduz à dissociação histérica e a estados de sugestionabilidade aumentada”. Esta técnica é muito freqüente em tribos africanas.



Os ioguis usam também técnicas respiratórias para atingir estados alterados de consciência, visando essencialmente absorver e dirigir através do corpo uma hipotética força cósmica, o prâna. "Consiste, em efeito, por regra geral, em aspirar forte e longamente conservando depois os pulmões cheios de ar durante um lapso de tempo que vai de vários segundos até um minuto ou mais. A duração da retenção do sopro deve ser quatro vezes a da exalação, recomenda o Hatha-Ioga. O método é muito perigoso, pois dilata muito os alvéolos pulmonares e determina perturbações circulatórias capazes de provocar por si mesmas uma diminuição da oxigenação cerebral, tonturas e síncope. Pode também surgir, nos sujeitos predispostos, crises epiléticas ou de hemoptise".



Brados e cantos prolongados – Podem produzir resultados semelhantes aos anteriores, ainda que menos acentuados. A menos que sejam muito exercitados, os cantores tendem a expirar mais ar do que inspiram e, em conseqüência, a concentração de CO2 nos alvéolos pulmonares e no sangue é aumentada, o que produzirá, como já vimos, uma redução da eficiência do cérebro tornando possíveis experiências de dissociação.



“No canto do curandeiro, do feiticeiro, do conjurador de espíritos; no infindável entoar de salmos e sutras dos monges cristãos e budistas; nos gritos e gemidos, horas a fio, dos pregadores itinerantes... o propósito psico-químico-fisiológico permanece constante: Aumentar a concentração de dióxido de carbono no organismo a fim de diminuir a eficiência da válvula redutora, o cérebro...”. A diminuição desta eficiência no órgão diretor de nossa atividade consciente levará a uma queda da capacidade crítica e a um descenso da tensão intelectual, condições propícias para a entrada no transe.



O jejum prolongado – Nos países do Hemisfério Norte, antes da invenção dos frigoríficos e antes que o desenvolvimento das comunicações facilitasse o transporte de alimentos na escala que hoje conhecemos, as populações, durante cerca da metade de cada ano, não comiam frutas e hortaliças verdes, faltando também, em maior ou menor grau, leite, ovos e carne fresca. No fim de cada inverno, o escorbuto (falta de vitamina C) e a pelagra (falta do complexo vitamínico B) eram freqüentes nessas regiões.



Se a esta carência natural de recursos alimentícios acrescentarmos, em ambiente cristão, os jejuns voluntários ou obrigatórios prescritos na Quaresma (fim do inverno, começo da primavera) compreenderemos que natureza e normas religiosas preparassem um terreno muito propício para as mais diversas manifestações de exaltação psíquica, não faltando entre elas os êxtases ou transes freqüentes.



Huxley quer ver na subnutrição uma das causas que facilitam certas experiências aparentemente místicas. “O sistema nervoso é mais vulnerável que os demais tecidos do corpo. Em conseqüência, as deficiências de vitaminas tendem a atuar sobre o estado de espírito antes de agirem, ao menos de modo ostensivo, sobre a pele, os ossos, as mucosas, os músculos e as vísceras. A primeira conseqüência duma dieta imprópria é uma redução da eficiência do cérebro como instrumento de sobrevivência biológica. O subnutrido tende a ser dominado por ânsias, depressões, hipocondria e sentimentos de angústia. É capaz também de ter visões, pois quando a válvula redutora – o cérebro – diminui sua eficiência, muito material biologicamente inútil flui para o consciente...”.



Em muitas áreas do mundo, a subnutrição é um mal crônico. É fácil constatar que nestas áreas de fome permanente, ou nas camadas sociais menos favorecidas economicamente de alguns países, o transe está frequentemente associado a cultos de tipo religioso. Seria lícito concluir que a subnutrição predispõe para os estados de alteração psicológica favoráveis ao transe, pelo menos come um elemento de reforço entre outros fatores: crenças, costumes, tradição, acontecimentos históricos-sociais, etc.



De qualquer maneira, o jejum prolongado esgota as reservas do cálcio e a taxa de açúcar disponível no organismo e a psique parece mais apta para perceber seus próprios pensamentos, o próprio corpo, ter alucinações, transes e outras experiências do gênero.



Os castigos corporais – Para os cristãos, a mortificação da carne foi sempre um meio de purificar o espírito, mantendo-o alerta contra o assalto das paixões desordenadas. Houve, porém, ao longo da história, períodos em que se supervalorizou a mortificação corporal, dando lugar a grandes exageros. Os castigos brutais praticados contra o próprio corpo tornaram-se freqüentes em um tipo do ascetismo mal entendido.



Apesar da brutalidade, sempre havia uma parte de compensação psicológica proveniente da experiência, em geral pseudo-mística, que o sofredor às vezes experimentava: êxtases acompanhados de visões, da sensação do perdão total, da participação na paixão de Cristo. Antigamente, estes fenômenos aparentemente extraordinários que acompanhavam os grandes penitentes eram interpretados, com não pouca freqüência, como manifestações sobrenaturais. Hoje em dia haveria outras explicações mais de acordo com os conhecimentos científicos, invalidando, pólo menos na maioria dos casos, a hipótese transcendentalista.



Sabemos, por exemplo, que a flagelação com chicotes do couro ou arame provoca feridas que podem desorganizar o equilíbrio químico do organismo. Enquanto dura o suplício, as glândulas liberam grande quantidade de histamina e adrenalina; e quando as feridas começam a supurar, várias substâncias tóxicas, produzidas pela decomposição da proteína, penetram na corrente circulatória. A histamina produz o choque que atua sobre a mente com a mesma intensidade que sobre o corpo e as toxinas das feridas desorganizam os sintomas enzimáticos reguladores do cérebro, reduzindo sua eficiência. Além do mais, grandes quantidades de adrenalina podem provocar alucinações.



Isto poderia explicar por que alguns ascetas costumavam dizer que quando lhes era dado flagelar-se sem piedade, "Deus nada lhes recusava".



Outros meios – Objetos brilhantes (luzes, jóias vistosas, bolas de cristal, espelhos...), quando olhados insistentemente, podem induzir ao transe por fadiga ocular resultante em exaustão nervosa, sempre que outros estímulos intervenham na experiência, por exemplo, a expectativa do transe, o ambiente, as palavras e gestos dum hipnotizador, etc.



A concentração prolongada numa idéia ou num pensamento, o monoideísmo, pode levar a dissociações mais ou menos profundas. É freqüente em pessoas que se dedicam a uma tarefa intelectual abstrairem-se por completo do ambiente que as rodeia, nada ouvem, nada sentem, parecem estar num outro mundo.



Conhecemos também a enorme quantidade de drogas naturais (ópio, maconha, coca, beladona, estromônio, mandrágora, estrato de lobeliáceas, mescalina, cafeína...) ou de produtos químicos (ácido lisérgico, adrenocromo, escopolamina cloratosa, cloruro de amônio, amital de sódio, pentotal...) e até os de mais fácil aquisição (café, chá, álcool, fumo), toda esta longa lista de produtos poderiam ser, e com freqüência o são, excelentes meios de indução ao transe.



Não devemos esquecer a enorme eficácia que a expectativa, a crença, a simples vontade ou o ambiente contagiante tem, em vistas a atingir estados de dissociação psicológica, assim como as condições psicofisiológicas do sujeito: manias, sífilis cerebral, epilepsia, endocrinopatia, histerias, conflitos internos, etc.



O transe ou qualquer estado semelhante de inconsciência, mais ou menos profundo, é condição necessária para o fato parapsicológico acontecer, mas não oferece nenhuma garantia do que o fenômeno acontecerá inevitavelmente. Se assim fosse, todos poderiam ser grandes dotados apenas com a condição de ficarmos inconscientes.



Embora cada um experimente as alterações do transe de modo peculiar, contudo, parece existir uma série de características comuns: aumento das pulsações, diminuição da respiração, esfriamento dos membros, aumento das secreções, excitação da atividade genésica.



Não há espaço nestas linhas para abordar os aspectos fraudulentos do transe ou transe fingido, praticado com mais freqüência do que poderíamos esperar. De qualquer maneira, basta salientar que está muito ligado a casos de histeria, e sabemos a dificuldade existente para diagnosticar quando um histérico está num acesso real ou fingido.




- OOO -




Texto de Pablo Garulo, publicado na Revista de Parapsicologia, número 25,



sob orientação de Oscar González-Quevedo, S.J. – Professor, Doutor e Padre,

Diretor/Presidente do CLAP – Centro Latino-Americano de Parapsicologia,

“um dos centros parapsicológicos de maior prestígio a nível mundial”.



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Transcrito por Luiz Roberto Turatti,



do “BOLETIM DE PARAPSICOLOGIA N.º 10”,



elaborado por Carlos Orlando,

da OEP – Organização de Estudos Parapsicológicos.





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