A falta de crítica está matando a sociedade contemporânea ultramoderna, ou como queiram chamá-la, bem como as obras dos homens nas artes plásticas, na literatura, no cinema, no teatro, na ciência, na filosofia, nas religiões. Basta pôr olhos na tevê, que é quem comanda a mídia, na internet (a nova febre de informações e quejandos), no rádio, nos jornais e mesmo nas revistas de maior circulação. Quem critica quem? E como? E por quê? E para quê?
O sacástico Diogo Mainardi opina em Veja (23/2/2005): “Se não fosse por dinheiro, eu não escreveria. Não confio em quem escreve de graça. Escrever é um trabalho aborrecido como outro qualquer.
Quando sai uma crítica num cantinho de página, mesmo assim descabelada, é de mau caráter. O crítico quer aparecer e não tem outra forma: Apela para seu mau fígado. Quem fica o dia todo diante da tevê é um doente. Só pode ser curado com muita arte. Quem só escreve por dinheiro, como ele, é um mercenário. Não precisamos saber o que diz de Lula e dos demais políticos: barbaridades, vulgaridades. Não que muitos políticos não mereçam. Merecem. Mas não dogmaticamente. Vai ver que o Lula não lhe deu nada. Tome! “É dente por dente, olho por olho.” Jornalista da TV Globo – não me recordo o nome – escreve uma biografia de Roberto Marinho. Que tipo de verdade pode sair daí? Fernando Sabino escreveu um livro de ocorrências com a então Ministra Zélia Cardoso de Melo. Quem ainda fala dele? Ninguém não conhece mais nem quem a nomeou, o Presidente da época. Para o escritor Fernando Sabino, esse ensaio de biografia é a mancha negra de sua carreira.
Os críticos, mesmo os da Universidade, não têm independência para responder aos problemas da sociedade e da nação, seja por questão de natureza ética, seja por questões econômicas. Dizer a verdade? Um espinho que fere a garganta do jornalista ao acadêmico. Querem, sim, a notícia que vende mais. Os políticos, de modo geral, quando falam não dizem a verdade. Aliás, dizem quando muito o contrário do que deveriam dizer. Nunca se viu um político, mesmo derrotado em eleição recente, sair dizendo de público que o povo não presta (quando é, no fundo, o que pensa). Por outro lado, muita gente do povo só vota se achar quem lhe compre o voto, de preferência muitos. Caráter macunaímico. Qual cientista social que diz que o povo não é tão bom (ou perfeito) quanto propala a intelectualidade por aí, especialmente a acadêmica? E sabem por quê? Por que eles querem a mídia a seu lado, querem ser adorados, são oportunistas, “não estão nem aí para a verdade”. A mídia, por seu turno, com certeza brecará os passos daqueles que, com suas críticas, arranjarem animosidade contra a cadeia de tevê, seus diretores, apresentadores, etc. Ora, os políticos não se consideram povo, são a “classe política”. Bom para eles é poder transformar a todos no homem-massa. E massa não faz e não entende a verdadeira crítica
Não falo mal do povo, quero apenas abrir os olhos do mundo para essa grande realidade: Se nosso povo fosse tão bonzinho o Brasil não teria ficado nessa m... por tanto tempo. O elogio serve à nossa auto-estima, mas fica por aí mesmo.
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*Francisco Miguel de Moura é escritor brasileiro, mora em Teresina e está lendo “Ana Karênina”, de Tolstói. E você?