Dados do IBGE mostram que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 5,2% em 2004. Este é o melhor índice dos últimos dez anos. Para melhor entender - PIB é a soma das riquezas produzidas no país. E o governo comemora os resultados positivos da economia mas, adverte ”daqui para frente, o trabalho é aumentar essa expansão econômica com estabilidade”. As exportações ultrapassaram 100 bilhões de dólares, o consumo interno que estava reprimido aumentou, acelerando o crescimento dos diversos seguimentos produtivos. A indústria e as empresas de bens de capitais foram os setores que mais impulsionaram os índices divulgados pelo IBGE.
Os bancos tiveram lucros recordes e expansão de mercado o que indica a vitalidade dessas instituições financeiras. A valorização de papéis, títulos e ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA) contabilizaram lucros fabulosos, remunerando até mesmo o pequeno investidor que investiu em ações. Isso confirma que a política ortodoxa antiinflacionária do Banco Central vem surtindo efeito. Mesmo com as taxas de juros nas alturas o país cresceu e, segundo os analistas de mercado, a economia continuará com o fôlego aquecido em 2005.
O que surpreende nos dados da pesquisa é que, enquanto o PIB dá um salto quantitativo nas riquezas do país, a renda do brasileiro cai vertiginosamente. Mas o empobrecimento não atinge todos os brasileiros – uma minoria de oportunistas se torna cada vez mais poderosa, esbanjando os prazeres da bonança. No outro extremo, a patuléia - maioria da população excluída agoniza, nas agruras da indigência. Para essa gente, à margem do sistema globalizado, o governo usa a prática do golpe populista – é o assistencialismo oficial pago com a farra do dinheiro do incauto contribuinte: Cesta Básica, Bolsa Escola, Bolsa Família, Vale Gás, Auxílio Alimentação e uma variedade de cartões que servem até para comprar pinga no boteco.
A manutenção da pobreza não é mera coincidência nem desígnio da sorte mas, ação proposital articulada nos gabinetes do poder. A troca de comida por voto tem rendido mandatos de políticos e oligarquias por séculos, perpetuando essa prática nas regiões mais carentes deste Brasil de muitos brasis esquecidos. Aí vem a velha pergunta de sempre: por que governos e empresários não investem em incentivos, indústrias e infra-estruturas no Nordeste, abrangendo os estados mais carentes da Região. Bahia e Pernambuco já abrigam alguns pólos de desenvolvimento - ainda aquém das necessidades e carências sociais. A resposta é simples – falta decisão política, ações efetivas das autoridades que sempre fizeram questão de ignorar os reclamos da população nordestina.
As promessas de instalação de Zonas de Produção e Exportação (ZPEs) nas zonas litorâneas como Parnaíba, São Luis, entre outras cidades, nunca saíram do papel nos gabinetes. A Zona Franca de Manaus, que os paulistas querem acabar alegando incentivos do governo, é um exemplo de desenvolvimento bem-sucedido na Região Norte. O Nordeste não pode passar pela história apenas como consumidor de produtos do Sudeste/Sul. A população exige do poder público, das instituições responsáveis, sua integração no desenvolvimento nacional. A participação nas riquezas do PIB não é uma indulgência mas, questão de justiça e cidadania – conquista de um povo que, em seu estado, município, cidade cultiva os valores originais desta redentora da nação – brasilis, tupiniquim.(rcarvalho30@hotmail.com)