A criança, instintivamente, procura fazer aquilo que lhe faça bem e evitar o que lhe seja prejudicial. O adulto, por seu turno, quase sempre é uma pessoa adaptada a hábitos errôneos, por procurar seguir os exemplos de outros que pelas mesmas razões já o fizeram. Se seguíssemos os nossos instintos infantis, estaríamos mais seguros contra as armadilhas que a sociedade coloca diante de nós.
Em geral, a criança detesta cigarro, gosta de frutas, tem prazer em se movimentar muito, dificilmente alguma coisa toma o lugar do seu sono, e ela se desperta cedo para o sexo. Isso ocorre, porque a natureza nos provê de um instinto de rejeição do que não é bom e procura do que é benéfico.
Todavia, ainda cedo, o menino vê um adulto com aquele objeto repugnante na boca exalando aquela nauseabunda fumaça e até ouve dizer que aquilo é “coisa de homem”. O desejo de “ser homem” muitas vezes o leva a enfrentar a ânsia de vômito na tentativa de conseguir tragar aquela asquerosa substância; e, não obstante tão repulsiva a coisa, a adaptação não é tão difícil. Quando chega a perceber o passo errado, aí sim, é difícil voltar atrás.
Já a bebida alcoólica pode até fazer bem em pequena quantidade, mas é outra atração que desagrada a criança ao primeiro gole, mas ajusta o paladar rapidamente e leva a pessoa a querer sempre mais e ultrapassar o limite entre o bem e o mal. Eu me lembro de quanto achei desagradável quando pus cerveja na boca pela primeira vez. Perguntando a pessoas que não conseguem ficar sem uma cervejinha, quase sempre dizem também que acharam horrível a primeira que tomaram. É de se observar que pequeno teor de álcool é agradável a quase todas as pessoas até à primeira vez. Isso indica que essa pequena quantia faz bem.
Uma noite de sono perdida pode até ser por algo que traga compensações muito maiores do que a perda, e o sono perdido pode ser neutralizado pelo benefício do que se faz naquele momento. Mas, se estivermos sentido sono, isso é um aviso de que o que estamos fazendo não compensa o que estamos perdendo. O nosso organismo sempre nos alerta.
Pedro Bial, apresentador do Fantástico, 46 anos, com aparência bastante jovem, ao ser interrogado sobre o envelhecimento, disse que “não faz nada para retardar a velhice, apenas procura não apressá-la. Para isso, faz psicanálise, anda de bicicleta e convive muito com crianças.” (Manchete, ll/09/1999, pág. 39). Convivendo com as crianças, aprendemos um pouco, ou muito, com elas.
Analisando bem, acho que quase nunca errei ao seguir meu instinto infantil e algumas vezes me dei mal ao pensar que estava agindo como um adulto esperto. O ideal é associarmos o gosto pueril com a experiência adulta, para nos escapar das maldades que nos rodeiam.
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