Sai do baile por volta da uma da manhã, para poder assistir ao funeral na TV, do Papa João Paulo II, e a missa de exéquias de duas horas e meia, que seria celebrada por Joseph Ratzinger e co-celebrada por 164 cardeais de todo o mundo.
Liguei a TV, e emocionada assisti, o nosso Presidente Lula, ao lado dos antigos presidentes e pretensos adversários políticos: Fernando Henrique Cardoso, Itamar Franco e José Sarney, após um vôo de confraternização, foram ao Vaticano para uma justa homenagem, ao Sumo Pontífice. .
Logo a seguir aparece o Ditador Fidel Castro, famoso pela brigas contra a Igreja, onde não freqüentava por mais de 46 anos, que como um ser de Deus, contrito, orava.
Dei um beliscão no braço para ter certeza que não estava dormindo, ao ver na telinha, entre mais de 200 autoridades mundiais e inimigos entre si, como o Presidente Bush do EUA, o do Irã, Mohamed Katami, o Presidente de Israel, Moshe Kastava; e o Primeiro-Ministro da Palestina, Nabil Shaat.
Vi representantes de todas religiões, participando de um evento ecumênico, sonhado pelo Papa.
Após o féretro, abri a janela e vi um sol radiante sobre a Cidade. Não havia nuvens cinzas ou claras, dos dias anteriores.
Senti no ar, o milagre não conseguido em vida, pelo Papa João Paulo II, de uma Paz Universal, ou da reconciliação planetária, como pregava e sonhava o Santo homem.
Santo homem? Ao acabar de pronunciar essas palavras, da Televisão ouvi do narrador que o povo acabava de canonizar o enviado de DEUS. Gritavam alegres e emocionados. “SANTO, JÁ”, SANTO, JÁ “. Como estivessem em um comício para eleições, em vez de um ato fúnebre e solene”.
Passei a crer que aquela morte, por raros instantes, promoveu momentos raros de pesar unânime, paz e ecumenismo.
Descansei um pouco, e logo uma amiga, com problemas médicos; ligou-me, sabendo que viajaria a Niterói, e pediu-me para leva-la em seu carro, que desejava trocar, por um zero quilometro.
Após pegar a via Niterói-Manilha, logo no seu inicio, senti que o carro não respondia à aceleração do meu pé direito.
Estávamos em um local ermo e perigoso, quando ouvi um estrondo, e ao olhar para trás, vi a fumaça negra, que desapareceu com a estrada. Coloquei a marcha, em ponto morto, e alertado pela amiga que o carro estava com o tanque cheio, tratei de parar o veiculo, e saímos do carro, correndo.
Como o sol estava queimando, voltamos para o interior do automóvel, e ela apavorada com os assaltos costumeiros na região, ligou para a Seguradora, solicitando histericamente socorro.
Do outro lado da estrada, dois patrulheiros rodoviários, em motos, faziam sinais. Não tinha percebido e ela ao telefone, chamava minha atenção, dando idéia que era um assalto.
Quando avistei os patrulheiros, pensei que seria mais uma multa que levaríamos por estacionar em local impróprio.
Tinha horror aos Policiais, depois que assisti a chacina realizada no Rio de Janeiro.
No decorrer de uns 5 minutos, chegou os Patrulheiros, e educadamente um deles perguntou o que acontecera, e se prontificaram a olhar o motor.
Abriram o capô, e constataram que o motor tinha quebrado. Ofereceram o reboque da Patrulha, para nos levarem para um local mais seguro, mas como minha amiga tinha providenciado o reboque junto a Seguradora, dando o local, achamos por bem aguardar, já que não demoraria mais que 20 minutos.
Esse tempo ficou em mais de uma hora e meia, após sermos alertados pelo motorista do reboque que veio a pé nos avisar, que o seu veiculo, também tinha quebrado o motor.
Um ambiente familiar uniu-nos aos patrulheiros. Outros três patrulheiros chegaram preocupados. Contamos histórias da vida. Falamos da nossa ojeriza pelos homens de fardas, e eles também contaram que sentiam essa aversão, quando tentavam ajudar, alguém.
Trocávamos aprendizados da vida. Entendi que eles são pessoas normais, com os mesmos problemas que nos aflige no dia a dia.
Falei inclusive da frase que aprendi com um poeta querido que abre portas impossíveis de abrir:
"EU TE AMO".
Conheci a alma de pessoas admiráveis: DINO LEMOS, RAFHAEL e PARETO,são os nomes dos Patrulheiros Rodoviários.
Em nenhum momento senti nos olhos desses homens, um sinal que me amedrontasse, ou ouvi palavras com outro sentido, que não fosse a nossa proteção.
A Seguradora foi de uma presteza tamanha, juntamente com os patrulheiros, que ficaram três horas, dando total segurança, e acalmando-nos.
Nos despedimos chorosos e gratos ao atendimento. Deixei meu endereço e adoraria recebe-los em minha residência.
Para surpresa, fomos informados que para voltarmos, teríamos um carro a nossa disposição, sem nenhum custo, oferecido pela Seguradora. Prontamente aceitamos.
Será que a morte do Papa, digo Santo; pedindo PAZ não mudou o mundo?