Há momentos em que a história nos proporciona fortes emoções. Nessas ocasiões somos acometidos por um profundo sentimento de compaixão e fé. E, é impossível não conter as lágrimas ao vermos o noticiário ou quando folheamos o jornal. Por vezes, uma foto diz mais que mil palavras.
Diante de um atentado terrorista a humanidade busca, estarrecida, a justiça necessária. O mundo, em uníssono, torna-se solidário.
Em uma despedida chora e aplaude a partida de quem sempre apregoou a paz entre os povos.
No 11 de setembro das torres gêmeas, nos trens de Madri e na escola de Beslan, fomos surpreendidos e tomados pela indignação e impotência diante dos atentados terroristas. Buscamos explicações para o inexplicável.
A natureza também nos abalou emocionalmente, nas ondas do tsunami. E também fomos solidários e partícipes nas orações.
Esses episódios comoveram multidões pelo mundo afora.
No entanto, os números do último adeus a Karol Wojtyla são surpreendentemente gigantescos. Apenas um homem, o peregrino da paz, foi capaz de aglutinar essa legião de devotos e admiradores. 600 mil pessoas compareceram na Praça de São Pedro e em suas imediações. Não sei se há registros de outro evento na era moderna que tenha reunido tantas autoridades mundiais e chefes de estados. O adeus a Karol Wojtyla parou o mundo.
Quando a mídia nos coloca diante dos atentados que ceifam vidas e nos entristecem, somos induzidos a expressar sentimentos de desilusão com o mundo e a humanidade. Então, concluímos que estamos a um passo da barbárie.
Mas essa demonstração de solidariedade e fé que se alastrou pelas praças do planeta nos estimula a ver que a paz não é uma utopia inalcançável. Nessa demonstração de carinho e devoção com o papa João Paulo 2o podemos acreditar que um outro mundo é possível.
As imagens foram emocionantes. Mas uma simples fotografia flagrando as folhas ao vento, foi muito significativa. A foto das folhas do Evangelho, sobre o esquife de João Paulo 2o, sopradas pelo vento da Praça de São Pedro é bela e lúdica. Como se uma criança brincasse com o livro a procura de uma ilustração que a fizesse sorrir.
Tivemos a nítida impressão que alguém, imperceptível para os nossos olhos, procurou candidamente algumas palavras no Evangelho para saudar a despedida de Karol. Ou para recepcioná-lo...
As folhas ao vento... seriam, mesmo, folhas ao vento?