Anda pelos céus da pátria, nas manchetes, nos comentários do povo, nos bares perdidos nas esquinas de ruelas dos bairros periféricos, na boléia dos caminhões, uma onda de pessimismo, um clima de desencanto, um quadro gris sobre o nosso futuro.
Queixam-se os contribuintes de tanto arrocho fiscal, de tanta volúpia arrecadatória do govêrno, que só procura cumprir as metas de um tal de superavit primário para pagar uma dívida que não me pertence, porque dela eu jamais usufrui e nada obstante, venho pagando por ela com o suor do meu rosto, com o fruto do meu trabalho.
Nepotismo, operações e transações tenebrosas, implicações, corrupção, condenações. É uma gama infindável de coisas ruins, mas não perco o otimismo: um dia seremos felizes de verdade, não porque rosinhas serão flores, genuínos seráo coisas legítimas, garotinhos serão meninos, genros serão o marido da filha, lulas serão moluscos e severinos porteiros dos nossos prédios; seremos felizes porque esta nação será grande, terá o seu lugar no concerto das nações e os nossos filhos e netos terão clima para sonhar!