993300>Fonte de São João nas Fontaínhas - Século XIX
993300>A sensivelmente quatro a cinco quilómetros da foz, na margem direita do rio Douro e a uma centena de metros acima do seu curso, situam-se as Fontaínhas, espécie de longa álea arvorizada aonde ainda hoje nas imediações resistem três ou quatro tasquinhas com cheiro de tempo antigo. É também ainda aqui o ponto fulcral das inestimáveis e sempre benquistas festas do São João do Porto, o dito santinho rapioqueiro e soberano patrono de todas as santas maldades.
Na noite de 23 para 24 de Junho, a população portuense e dos arredores, em harmoniosa catadupa de gente, converge para as Fontaínhas, num autêntico mar de cabeças constantemente batidas por estridentes martelinhos de plástico e alhos-pôrros, num impressionante e saudável convívio, festival exemplarmente cívico que só abranda do intenso e bem suado folguedo quando o dia desponta.
Vai fazer 77 anos que o Jornal de Notícias promove um importante concurso de quadras populares, que podem ser de género lírico ou faceto, mas cujo mote é sempre subordinado a motivos sanjoaninos: manjericos, alhos, balões, fogueiras, rusgas, bailaricos, etc..
Actualmente, o concorrido concurso concita à volta de 5.000 participações, dentre as quais apenas são premiadas 12 e mencionadas 50, selecção que cabe a um júri conceituado, de ano para ano sempre diferente e constituído por três personalidades firmadas no meio poético.
Em 2001, ano em que concorri afincadamente, entre mais cinco menções honrosas, logrei o lº. prémio:
Os olhos duma criança
São de luz lá bem no fundo
Dois balõezinhos d esperança
No céu cinzento do mundo.
Em 2003 o JN decidiu editar uma brochura, então com as 75 quadras que obtiveram o primeiro-lugar nos respectivos anos e também seleccionar as cinco melhores. A minha quadra foi uma das consideradas, desiderato do qual me orgulho e me sinto imensamente vaidoso. No meio de tanta e boa poesia popular, sob o apreço de diferentes júris, é deveras meritório alcançar um efeito assim. Da diversidade de prémios que já obtive, nenhum suplanta a singela e valiosa simplicidade de tão singular efeito.
Ora, neste ano de 2005, para a 77ª. edição, estou desde já a afiar a tecla para o evento. Desta feita vou concorrer sob o pseudónimo de "Cravo Murcho". Como é uso e costume atribuir-se o primeiro prémio a uma quadra lírica e o segundo a uma de género faceto, no ensejo vou misturar os dois tipos:
Ainda hoje como outrora
Os tripeiros vão à festa
Mas do que mais sobra agora
A mim já pouco me resta.
Cravo Murcho
Para se participar neste interessante concurso, tem que se utilizar um cupão próprio, a recortar de um dos exemplares do JN, onde se insere a quadra, o pseudónimo, o nome e o endereço, enviando-o de seguida, pelo correio, para a redacção, até 31 de Maio em curso, inclusive.