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Artigos-->A ELEIÇÃO DE BENTO XVI -- 15/05/2005 - 11:46 (LUIZ ROBERTO TURATTI) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

A ELEIÇÃO DE BENTO XVI



Dom Cláudio Hummes



Temos um novo papa, Bento XVI. Sua eleição teve repercussão mundial fora do comum. Nunca na história do cristianismo a eleição de um papa foi tão amplamente divulgada, analisada e debatida pelos grandes meios mundiais e locais de comunicação social. Todos puderam acompanhar vivamente os grandes eventos do Vaticano, a saber, o falecimento e os funerais do muito amado João Paulo II, o conclave, a eleição de Bento XVI e as primeiras mensagens e movimentos.



Extraordinária foi a peregrinação mundial para os funerais de João Paulo II. Dirigiram-se a Roma 172 delegações oficiais, com chefes de Estado, de governo, cabeças coroadas, representando países, organizações internacionais e organismos supranacionais – todos a Roma em homenagem ao falecido papa, o qual marcou com seu pontificado carismático os últimos 26 anos de nossa história.



UMA IGREJA SEMPRE

MAIS DIALOGANTE

PODERÁ DISTINGUIR

ESTE PONTIFICADO



Pela fé, nós, católicos, cremos que é Jesus Cristo quem escolhe cada novo papa, também Bento XVI, ainda que envolva misteriosamente nestas eleições a mediação humana. Hoje em dia, a mediação do colégio de cardeais. Mas o senhorio de Cristo permanece intacto. Deus é o único Senhor, que guia a História humana e governa a sua Igreja.



Bento XVI, nos seus primeiros pronunciamentos e movimentos, vai revelando suas preocupações e seus projetos pastorais. É com alegria e muita esperança que acompanhamos seus primeiros passos de papa. Ele procura aproximar-se o máximo do povo. Manifestou isso desde o início. Ao atravessar a Praça São Pedro a pé, sem prévio aviso, no dia seguinte ao de sua eleição, para chegar ao apartamento em que residia como cardeal, o povo acorreu e o rodeou, alvoroçado. Ele, com grande amabilidade, acolheu a todos, abençoou e abraçou as crianças que sorriam felizes, continuando seu trajeto até o apartamento, que fica nas vizinhanças da praça. Também nas audiências públicas e no tradicional Ângelus, na janela do Palácio Apostólico, ao meio-dia de domingo, procura estar perto do povo.



Nos pronunciamentos até agora feitos, já definiu algumas metas importantes de seu pontificado. Em primeiro lugar, na missa de 24 de abril, quando iniciou seu ministério, fez esta declaração fundamental: “Não é o poder que salva, mas o amor.” Também já disse que vai se dedicar a construir a paz entre os povos. Na missa com os cardeais, na Capela Sistina, dia 20 de abril, declarou que vai se empenhar decididamente para que sejam realizadas na prática as orientações do Concílio Vaticano II. Essa sua disposição de se dedicar à paz, não acreditar no poder, mas no amor, e de levar à pratica o Concílio Vaticano II já é por si um programa de Igreja amplo e evangélico. Com certeza, é o amor que deve distinguir o ministério dos pastores da Igreja, e não o poder. É o amor, e não o poder, no sentido de dominação dos outros, que realiza as verdadeiras transformações e conduz a Deus. As orientações do Concílio Vaticano II, por sua vez, são o grande programa de atualização da Igreja no mundo de hoje e de renovação de sua missão evangelizadora. Pô-las em prática plenamente requer ainda muito empenho e efetivações.



Na mesma missa de 24 de abril, Bento XVI ainda se comprometeu a levar avante o diálogo ecumênico com as Igrejas e comunidades cristãs não-católicas, o diálogo inter-religiosos com as demais religiões e mesmo com quem não tem fé, mas busca a verdade, bem como o diálogo “promissor” com as diversas civilizações, em vista de um futuro melhor.



Fazer da Igreja sempre mais uma Igreja dialogante poderá distinguir de modo particular este pontificado, pois hoje o diálogo se torna insubstituível numa sociedade cada vez mais pluralista. Isso não impedirá à Igreja de anunciar a verdade, mas nunca deverá impô-la, e sim propô-la à humanidade. Acreditar no diálogo significa respeitar a liberdade religiosa e a liberdade de consciência, que dão dignidade a cada ser humano. Significa pôr em prática o princípio de que “não é o poder que salva, mas o amor”.



Na missa de 20 de abril, Bento XVI falou ainda da necessidade do “amor para com todos, em especial para com os pobres e os pequenos”, e da “disponibilidade de todos os católicos para cooperar para um autêntico desenvolvimento social, que respeite a dignidade de cada ser humano”. Manifesta-se aqui a preocupação do novo papa com os pobres e com o desenvolvimento social verdadeiramente humano, que tenha, portanto, como critério fundamental o bem do homem e de todos os homens. No dia 24, referiu-se mais uma vez à pobreza, ao falar do pastor que deve resgatar a ovelha perdida no deserto, dizendo que hoje “há o deserto da pobreza, da fome e da sede”.



Também no 1.º de maio, ao meio-dia, da janela do Palácio Apostólico, diante da multidão que estava na Praça São Pedro, comentou sobre o Dia Mundial do Trabalho e disse que é preciso “sublinhar a importância do trabalho e da presença de Cristo e da Igreja no mundo operário”. Disse ainda: “É necessário testemunhar na sociedade hodierna o ‘Evangelho do trabalho’, de que falava João Paulo II na encíclica Laborem Exercens. Espero que não falte trabalho, especialmente aos jovens, e que as condições de trabalho sejam sempre mais respeitosas da dignidade da pessoa humana. Penso com afeto em todos os trabalhadores (...) e espero que continuem a viver a escolha da fraternidade cristã como valor a ser encarnado no campo do trabalho e da vida social, porque a solidariedade, a justiça e a paz são as pilastras da construção da unidade da família humana.”



Dom Cláudio Hummes

é cardeal-Arcebispo

Metropolitano de São Paulo.





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Artigo publicado no jornal O ESTADO DE S. PAULO,

quarta-feira, 11 de maio de 2005,

página A2, ESPAÇO ABERTO.




LUIZ ROBERTO TURATTI.





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