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Artigos-->Memória do Movimento Estudantil: Histórico da UNE -- 20/05/2005 - 12:29 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
por Jorge Baptista Ribeiro (*) em 12 de março de 2005



Resumo: Uma análise do histórico da UNE e sua atuação no movimento estudantil brasileiro desde os anos 60, sem as mistificações de praxe adotadas pela grande mídia.



© 2005 MidiaSemMascara.org



Motivado pelo pedido da União Nacional e Estudantes (UNE) que vem pipocando nos intervalos comerciais da TV Globo, para que o povo unido que jamais será vencido ajudasse a construir e disseminar a memória do Movimento Estudantil, fui navegar no site indicado na propagada, a fim de verificar em que eu podia ajudar, pois além de ser testemunha ocular do Movimento Estudantil antes, durante e depois dos “anos de chumbo”, como estudante universitário na década dos anos 60, etc., julgo-me habilitado para contribuir.



De mais a mais, eu sempre tive o hábito de anotar o meu dia-a-dia, além de ler jornais dos quais recortava as notícias que de perto me interessavam, guardando os recortes para escrever as minhas memórias, quando chegasse à situação de vagabundo, como o ex-presidente Fernando Henrique qualificou os aposentados. Logo, faz sentido eu atender a tão atraente apelo da UNE, colaborando para que a memória dessa entidade seja a mais completa possível, espelhando verdades, normalmente omitidas ou falseadas.



É claro que uma andorinha só não faz verão! Portanto, reforçando o apelo da UNE, concito a todos que também puderem contribuir para uma modelar memória das façanhas da “esperta” garotada que se incorporem ao projeto, com seus conhecimentos, vivencias, etc. Aliás, o momento é bastante oportuno, pois a ordem é: vamos abrir os arquivos.



Inicialmente é preciso que se diga que a UNE, juntamente com a União Brasileira de Estudantes Secundaristas compõem o denominado Movimento Estudantil (ME).



Pela coincidência de algumas reivindicações específicas da sua categoria profissional com as dos estudantes e, portanto, identificando-se com o ME, surgiu um campo fértil para a comunhão político-ideológica de professores e alunos, tanto do ensino fundamental (ex-1º grau) como do ensino médio (ex-2º grau). Logo foram fundadas a Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior do Brasil (ANDES) e a Confederação dos Professores do Brasil (CPB), as quais, agindo separadamente ou em conjunto, criavam impasses de difícil solução, promoviam passeatas, greves, arruaças de rua, sempre se solidarizando com as atividades políticas do ME e, assim, caracterizando um movimento politicamente organizado de massa: O Movimento de Professores (MP).



Por seu turno, os funcionários de universidades criaram em 19 de dezembro de 1978, a Federação das Associações das Universidades Brasileiras (FASUBRA) que, inicialmente, aparentava não ser dominada por organizações comunistas, limitando-se a pertinentes reivindicações sobre a remuneração da categoria, tão ou mais mal paga do que o professorado. Entretanto, em janeiro de 1984, quando se realizou o I Congresso da classe, foi eleita para a presidência daquela entidade a ativa militante do Partido Comunista do Brasil (PC do B), Vânia Galvão. Daí em diante, as manifestações dos funcionários das universidades foram reforçadas por integrantes engajados de muitos outros estabelecimentos de ensino não universitários, configurando-se o Movimento de Funcionários (MF), nos mesmos moldes do ME e MP, isto é, orientados e dirigidos por militantes de organizações comunistas.



O conjunto de atividades reivindicatórias, calcado em conhecidos jargões e palavras-de-ordem esquerdistas, os procedimentos similares do ME, MP e MF e organizações comunistas, impõem um tratamento analítico mais amplo, isto é, analisarem-se as ocorrências num contexto de Movimento Educacional (M Ed), por sua vez integrado no Movimento Comunista Brasileiro, parte do Movimento Comunista Internacional.



Para não muito me estender, limito-me a citar alguns exemplos da direção do ME por organizações comunistas, para melhor iluminação do cenário subversivo dos denominados “Anos de Chumbo” e dos dias atuais:



Depois de acirradas disputas se revezando na manipulação de estudantes, o PCB agia, por intermédio da tendência “UNIDADE“, enquanto o PC do B executava a mesma tarefa, sob a capa do grupo VIRAÇÃO”. A Convergência Socialista (CS), organização trotskista que sem ser molestada pela “repressão”, em 1978 registrou-se em cartório da cidade de São Paulo como personalidade jurídica, mostrando que não “chovia” tanto chumbo, como dizem, originava-se da reunião, em 1973, de exilados brasileiros no Chile os quais, antes da queda de Salvador Allende, lá procuravam se reorganizar sob a denominação PONTO DE PARTIDA (PP), em 1974 transformada na Liga Operária (LO) e, em 1978, dando lugar ao Partido Socialista dos Trabalhadores (PST) que muito trabalhou no âmbito do Movimento Operário (MO), para a criação do Partido dos Trabalhadores (PT). A CS atuava, inicialmente, no meio estudantil em busca de quadros para preencher funções de realce na cúpula daquela organização subversiva. Fundindo-se com o braço secundarista da revisionista Organização Socialista Internacionalista (OSI), o “LIBERDADE E LUTA” (LIBELU) gerou o grupo ALICERCE DA JUVENTUDE SOCIALISTA (AJS), dando prosseguimento à sua marcante atuação subversiva no ME.



Exemplo mais recente da manipulação de estudantes por partidos políticos comunistas foi noticiado no jornal O Globo de 13/07/2003: Entidades praticamente desconhecidas do público, como a União da Juventude Socialista (UJS) e a Aliança da Juventude Revolucionária (AJR), orientadas por partidos políticos esquerdistas, na sede da UNE, situada no bairro do Catete/RJ, formavam comissão para promover badernas de rua, mascaradas pela reivindicação do passe livre. Tal comissão foi formada basicamente por agentes do PC do B, ao qual se liga a UJS e pelo Partido da Causa Operária (PCO), cujo braço estudantil é a AJR. Há ainda a Alternativa Socialista e o Fazendo a Diferença, braços do PT e a Juventude do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), fazendo os jovens de joguete do comunismo apátrida.



Continuando a navegar no site da UNE pude constatar que figuras ilustres e mais categorizadas do que eu, também estão prestigiando o ME, tais como: ex-presidentes e ex-militantes da UNE e da UBES, jornalistas como, por exemplo, Franklin Martins (1), cineastas, artistas, santas criaturas do clero esquerdista, líderes do Movimento dos Sem Terra (MST), entidades cubanas como a Organização Continental Latino Americana e Caribenha de Estudantes (OCLAE), a Federação Estudantil Universitária (FEU), a Federação Estudantil de Ensino Médio (FEEM), a União da Juventude Comunista de Cuba (UJC), a Central Globo de Comunicação, cujo diretor, Luis Erlanger, disse alegrar-se quando ouve o bordão “Globo e PC do B, tudo a ver”, autores de novelas da TV Globo, a Petrobrás, a Fundação Roberto Marinho, o jornal O Globo e o secretário-executivo do Ministério da Educação, Fernando Haddad, também integrante do grupo executivo da atual reforma universitária e da diretoria da UNE, além do ministro da Educação, Tarso Genro (2).



Prosseguindo, eis mais colaboração, fruto de relatórios de inquéritos, documentos e livros à disposição de interessados, pois de domínio público:



Da Resolução do Partido Comunista Brasileiro (PCB), baixada em outubro de 1961, transcrevemos o seguinte trecho:



“Dentre os setores da pequena burguesia, foram os estudantes que desempenharam o papel político mais ativo. A unidade e o desassombro dos estudantes, decretando a greve em todo o País, contribuíram para a ampliação e a firmeza da nossa luta”.



Em julho de 1962, o PCB lançou nova Resolução Política, na qual assim se manifestava:



“Nas cidades é, sobretudo, o movimento estudantil que expressa a crescente indignação das camadas médias, cada dia mais afetadas pela inflação, pelas dificuldades de abastecimento de gêneros mais essenciais, pelos problemas da habitação, transporte, saúde e educação. A greve nacional universitária revelou a força do movimento estudantil e seu crescente papel na vida política nacional”.



Ainda em 1962, a revista NOVOS RUMOS, número 200 (15/20 dezembro) – órgão de divulgação do PCB – publicava o que abaixo transcrevo, clarificando que o nacionalismo xenofóbico, no mais das vezes ingênuo e inconseqüente, sempre foi e será de mil e uma utilidades para o proselitismo dos comunistas, pois muita gente de boa cepa, por razões diversas que aqui não são oportunas, se presta ao triste papel de “colocar azeitonas em pastéis de recheio vermelho”:



“Ao mesmo tempo, devemos atuar no sentido de unir na frente nacionalista e democrática a pequena burguesia urbana, sobretudo os estudantes que constituem uma importante força revolucionária, assim como a intelectualidade progressista e a burguesia ligada aos interesses nacionais”.



No discurso proferido por João Goulart, no Rio de Janeiro, em 13 de março de 1964, no Comício das Reformas que assisti dentro do palanque instalado em frente ao edifício da Central do Brasil, posso citar o seguinte trecho no qual o presidente da República enfatizou o papel dos estudantes no processo que vinha se desenvolvendo, para transformar a República Federativa do Brasil numa República anarco-sindicalista:



“Também está consignada nesta mensagem (reformas – grifo meu), a reforma universitária reclamada pelos estudantes brasileiros, reclamada pelos universitários que sempre têm estado corajosamente na vanguarda de todos os movimentos populares e nacionalistas”.



Outro documento vindo de Moscou que, ao final da década dos anos 60, viria a instruir inquérito policial, apontava as universidades como um meio propício à difusão de idéias revolucionárias, como se segue:



“Sujeitos a continuas emoções, constantemente renovadas por nossos agentes, nem sempre sabem ou podem os estudantes controlar o seu estado emocional. Experimentam, destarte, de maneira exuberante, todas as manifestações do amor, do sexo, da arte, da pobreza e da beleza. É nas Universidades, onde os jovens de ambos os sexos se reúnem para debater problemas econômicos, históricos, políticos e sociais, para depois difundir as idéias revolucionárias, as quais não tardarão a frutificar”.



Para não ficar só falando dos russos, porque isso poderia causar desgostos aos representantes do atual Governo brasileiro que foram à China para se ilustrar sobre os direitos humanos, embora lá, estes sejam costumeiramente violados, a UNE poderia, também, consignar na memória do Movimento Estudantil a orientação contida em um boletim que, em 1969, lhe chegou às mãos, vindo de Pequim e que a seguir transcrevo:



“O manifesto antagonismo político e os protestos que se sucedem preocupam seriamente os estudantes do mundo capitalista. Os jovens se mostram entusiastas e extremamente ciosos dos seus direitos. Gostam de ser ouvidos e clamam ostensivamente pelos seus direitos. Nos últimos anos decidiram abandonar a razão, a ordem e a lei, para adotar o seu descontentamento político. Bem conduzidos e orientados por nossos experientes agentes, poderão chegar até mesmo à violência criminosa que, se preciso for, utilizaremos”.



No dia 7 de junho de 1962, na cidade de São Paulo, ocorreu uma greve de universitários de grandes proporções. No relatório do inquérito aberto pela polícia paulista, para apurar quais os seus responsáveis pode-se ler:



“Nela elementos não identificados, mas sensivelmente estranhos à classe estudantil, insuflavam o prosseguimento da greve, fazendo passar, de mão em mão, bilhetes datilografados, onde se lia: - Nossa campanha vai de vento em popa. Os fósseis já perderam a autoridade. Não tugiram nem mugiram, diante da nossa investida, estão acovardados e não se animam a reagir. Pé na tabua, enquanto os bons ventos estão soprando. Amanhã pode ser tarde. Os gorilas estão na moita. Não sabem o que pretendem. Mas os micos estão ativos. Cuidado com eles. Se houver pancadaria tratem de arranjar muitas vítimas. A imprensa está preparada e a nosso favor. Preparem as fotos. Devem ser feitas com atenção, por gente capaz. Não percam tempo. Nunca houve maior oportunidade. Governo avacalhado, divergências entre gorilas e Aragarças, bóia pela hora da morte. Descontentamento geral. Somos 34.000. Nem todos se afinam com o grupo, mas, por bem ou por mal, acabam aderindo. É só questão de jeito e vaselina. Gaita não falta para amolecer os duros e forçar os moles. Aguardem instruções dos sabidos”.



Outro registro digno de ser incorporado à Memória do ME, seria o que assim, em 1963, preceituava:



“Os estudantes devem pleitear, com maior energia e persistência, reivindicações cada vez maiores, prevalecendo-se da Reforma do Ensino em andamento. Há um todo interesse na criação de um clima de agitação e na desmoralização das autoridades universitárias, a fim de obrigar as autoridades federais a dar amplo e irrestrito apoio à União Nacional dos Estudantes. Para isso contamos com a conivência de muitos professores, livres-docentes, assistentes, antigos alunos e, sobretudo, com os “estudantes crônicos”, como ponto básico para alcançar o que pretendemos. Contamos, também, com o apoio de operários, e lavradores, interessados na luta armada para a posse da terra”.



Também poderiam fazer parte da Memória da UNE outras recomendações, contidas em um livreto, intitulado “CAMINHO DA HUMANIDADE – DAS CAVERNAS AO COMUNISMO”. Nele os propagandistas do credo vermelho recomendavam aos estudantes “uma ação politizadora intensa no seio das massas, feita por meio de aulas impressas, distribuídas aos ainda não engajados e aos operários”.



Stalin, em “Questões do Leninismo”, página 503, edição mexicana de 1941, produziu um ensinamento que acredito em muito ajudaria a UNE a mais arregimentar jovens estudantes para o seu “Movimento Salvador da Humanidade”. Lá, está dito:



“É certo que os jovens não possuem os conhecimentos necessários. Mas conhecimentos se adquirem. Hoje não os possuem, mas amanhã tê-los-ão. Por esse motivo o problema é ensiná-los até que assimilem o leninismo. Camaradas da Juventude Comunista: aprendei, ensinai o bolchevismo e empurrai os vacilantes! Falai menos e trabalhai mais e vereis como tudo marcha facilmente!”



Ainda no site da UNE encontrei algumas queixas sobre dificuldades financeiras daquela entidade que por uma lacuna na Memória do ME, para a qual agora contribuo, deixou de dizer que a fonte que secou vinha de Moscou, por intermédio, principalmente, da União Internacional de Estudantes (UIE). A UIE estava sediada em Praga, tinha como vice-presidente um brasileiro, - Nelson Vanuzzi - e se tornara praticamente na “Seção Estudantil do Cominform”, conforme referência do Presidente da União Nacional de Estudantes da Inglaterra. Bem se encaixaria nessa lembrança o fato da UIE ter financiado em 1963, em Salvador/Bahia, o Seminário Internacional de Estudantes dos Países Subdesenvolvidos e, inclusive, ter contribuído com cinco mil dólares, para subsidiar a Campanha de Alfabetização de Adultos, patrocinada pelo Ministério da Educação e Cultura de Jango Goulart, naquela época dirigido por um outro Tarso:



“O também comunista Paulo de Tarso Santos, um dos elementos que, juntamente com o frade jesuita Cardonnel, o padre brasileiro Henrique de Lima Vaz e o estudante Herbert José de Souza - vulgo Betinho –, exerceu grande influência na estruturação da organização marxista-leninista Ação Popular (AP), cria da esquerda clerical católica”.



Seria de grande significado para o Movimento Estudantil brasileiro e, portanto, digno de registro na memória da UNE, o intenso relacionamento da UNE com a Federação Mundial da Juventude Democrática (FMJD), inicialmente uma entidade apolítica, criada em 1945, mas já em 1949 dominada pelos comunistas. Tinha a sua sede em Budapest, após ter sido expulsa da França e se transferindo para Praga durante a Revolução Húngara.



Também seria de imenso valor histórico para a posteridade, a menção na Memória do Movimento Estudantil, de que da mesma forma que atualmente o PT seleciona os estudantes para cursos em Cuba, cabia ao PCB a seleção dos estudantes brasileiros que naquela época deviam freqüentar escolas soviéticas, como a Universidade Patrice Lumumba ou os centros de treinamento guerrilheiro e politização da Tchecoslováquia.



O contato permanente da UNE com a subversiva Central Geral de Trabalhadores (CGT), no seio da Frente de Mobilização Popular e o comparecimento de instrutores cubanos de guerrilhas na sua sede social, julgo seja outra valiosa informação colaboradora que presto ao projeto de Memória daquela agremiação de estudantes que, conforme nos contou o Arnaldo Jabor (O Globo de 17/8/2004), era um celeiro de gatinhas que eram convencidas da necessidade da prática do amor livre nos “aparelhos”, para que o imperialismo ianque fosse aniquilado.



Para que o clero esquerdista não me acuse de parcial, devo falar da estreita colaboração de dois grandes “padrinhos” do Movimento Estudantil que, se não homenageados pelos organizadores da memória estudantil, sem dúvida, serão injustiçados: que me perdoem a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e um sem número de outros “religiosos” progressistas, brasileiros e estrangeiros.



D. Evaristo Arns e D. Helder Câmara merecem destaque. D. Arns que em 1964 foi de encontro às tropas que deram o “Kick off” na Contra–Revolução de 1964, para abençoá-las, em 1978 fez publicar no periódico da sua Arquidiocese a realização do II Encontro da Pastoral Universitária, a realizar-se de 28 a 30 de julho na cidade de São Paulo, com a participação dos estudantes das Comunidades Universitárias de Base de São Paulo/SP, Rio Grande do Sul, Lins/SP, Ribeirão Preto/SP, Belo Horizonte/ MG, Juiz de Fora/MG, Rio de Janeiro/RJ, Bauru/SP e São José do Rio Preto/SP. Essa divulgação de Sua Eminência Reverendíssima revelava que a “Comunhão de Base” estava se articulando na Universidade de São Paulo e em outras cidades. Reiterava o papel crítico que pode assumir a universidade na transformação da sociedade, aduzindo que o Encontro foi restabelecido após 10 anos de interrupção. Concluía que o momento era de construção.



D. Helder, por sua vez, em novembro de 1977 publicou na Arquidiocese de Olinda e Recife o documento intitulado Assembléias, nº 2, contendo as diretrizes operacionais para o Movimento Estudantil, sob o título “Movimento Estudantil e Pastoral Estudantil”. Segundo esse documento a educação, em qualquer sistema social, situava-se ao nível de superestrutura e, em conseqüência, quem procurasse operar mudanças no âmbito educacional, estaria contribuindo para a mudança do sistema social. Quanto ao Movimento Estudantil, o Reverendíssimo D. Helder, assim se manifestou nesse mesmo documento:



“O Movimento Estudantil é a mobilização e organização dos estudantes para lutar contra esse estado de coisas (contradições sociais – grifo meu). Ele surgiu e se fortaleceu com o objetivo específico de lutar por uma educação libertadora e pela construção de uma sociedade autenticamente democrática. A Igreja está a serviço do Homem e tem uma tarefa de libertação”. (Grifo do documento)”.



Embora mais tivesse para contar, para não cansar os meus leitores fico por aqui com a minha pequena mas sincera e humilde colaboração ao Projeto da Memória do Movimento Estudantil da UNE.



Entretanto, quero aproveitar o ensejo para ressaltar a enorme responsabilidade da família e da escola para que os nossos jovens não sejam utilizados como bucha de canhão, por mãos perversas, como se pode ver, resumidamente, acima, no meu atendimento ao apelo da UNE e no filme “O que é isso, companheiro?”, baseado no livro do ex-militante da UNE, guerrilheiro urbano e seqüestrador, o hoje deputado federal, Fernando Gabeira. Nesse filme se vêem “chefões”, se resguardando e motivando jovens carentes, desassistidos e maldosamente pervertidos, para irem às ruas levarem pancadas da polícia, etc.



Enfatizando a importância da família como primeira responsável pela formação básica do caráter da prole e da escola, genericamente, como encarregada da complementação educativa que desde as primeiras letras à fase universitária constrói ou deforma elite do amanhã, apresento o resultado do teste de personalidade de Rorschach, para aferição do perfil psicológico, ao qual foram submetidos, voluntariamente, 44 jovens, dentre os estudantes presos no Rio de Janeiro em 1968.



Dos 44 examinados, 32 (73%) foram considerados como pessoas portadoras de sérias dificuldades de relacionamento, escasso interesse humano e social ou angustias por imensa dificuldade de comunicação. Como imaturos foram apontados 23, dos quais, cerca da metade, estava incluída no grupo de difícil relacionamento; 18 foram incluídos no grupo dos desajustados, sendo que 3/4 dos mesmos pertenciam ao grupo dos difíceis.



Posteriormente foi verificado, por intermédio de um questionário aplicado por psicólogos que desconheciam a aplicação do teste, que esses jovens, na sua maioria, provinham de lares mal estruturados por problemas de alcoolatria, prevaricação, conflitos entre os pais, abandono dos seus chefes, privações financeiras, tiveram perversores na vida escolar que mais agravaram os seus desajustes e inundaram seus corações de ódio.



Finalizo, lembrando que o futuro de uma Nação pode ser visualizado na justa medida da preponderância ou não da família organizada, da isenção ou engajamento ideológico no ensino escolar e do espírito cristão, suplantando ou sucumbindo ao materialismo.









NOTAS:



(1) FRANKLIN DE SOUZA MARTINS ("WALDIR", "FRANCISCO", "MIGUEL", "ROGERIO", "COMPRIDO", "GRANDE", "NILSON", "LULA")



- Filho do falecido senador esquerdista Mário Martins, ingressou no PCB em 1966, atuando no Comitê Secundarista da então Guanabara.



- Foi militante da DI/GB e do MR-8. Foi presidente do DCE/UFRJ e vice-presidente da UNE.



- Em Out 68, foi preso no Congresso da UNE, em Ibiúna.



- Em Abr 69, foi eleito para a Direção Geral do MR-8 e, em meados desse ano, participou do seqüestro do embaixador dos EUA.



- Em fins de 1969, fugiu do Brasil no esquema da ALN, indo fazer curso em Cuba.



- Refugiou-se em Santiago do Chile, onde, em Dez 72, foi eleito para a nova Direção Geral do MR-8; regressou ao Brasil em Fev 73, indo estruturar o Comitê Regional de São Paulo.



- Atualmente (e desde há alguns anos), trabalha como comentarista político da Rede Globo de TV e já foi diretor da sucursal do jornal "O Globo" em Brasília/DF.



- Redigido por Franklin Martins e Fernando Gabeira e aprovado por Joaquim Câmara Ferreira, o "Velho" ou "Toledo", ficou pronto o panfleto que seria deixado no carro do embaixador após a ação.



- Esse manifesto inseria o seqüestro dentro do contexto das demais ações terroristas, classificando-o como um "ato revolucionário". Fazia propaganda "anti-imperialista", acusando o embaixador de representante dos "interesses espoliativos norte-americanos no Brasil". Exigia a libertação de quinze presos políticos - a serem anunciados oportunamente - que deveriam ser conduzidos para a Argélia, Chile ou México, onde lhes deveria ser concedido asilo político. A outra exigência era "a publicação e leitura completa dessa mensagem nos principais jornais e estações de rádio e televisão de todo o país".



- Finalizando o manifesto, um ultimato concedia 48 horas para o governo aceitar as condições impostas e mais 24 horas para que os presos fossem transportados para o exterior em segurança; o não atendimento das condições acarretaria o assassinato - segundo eles, o "justiçamento" - do embaixador americano. O manifesto era assinado pela Aliança Nacional Libertadora (ALN) e pelo Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8).



(2) TARSO FERNANDO HERZ GENRO ("CARLOS, "RUI")



- Gaúcho de Santa Maria/RS, onde foi Aspirante R/2 de Artilharia.



- Em 1966, atuava na UNE e era militante do PC do B. Atraído para a luta armada, saiu do PC do B e ingressou, em 1968, na Ala Vermelha. Em 1970, ficou preso durante três dias no DOPS; solto, fugiu para o Uruguai. Na década de 80, foi militante do clandestino Partido Revolucionário Comunista (PRC). Ingressou no PT, pelo qual foi deputado federal e vice-prefeito de Porto Alegre.



- Ex-prefeito de Porto Alegre, candidatou-se ao governo do Estado, tendo perdido em 2º turno.



- Atualmente (2004) é o Ministro da Educação do Governo de Lula da Silva e envida seus melhores esforços numa Reforma do Ensino, nitidamente, consentânea com a ideologia totalitarista que continua professando.





(*) O autor, Coronel R/1 do Exército, é bacharel em Ciências Sociais, pela então Universidade do Estado da Guanabara e um estudioso da Guerra Revolucionária.









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