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Artigos-->PARA OS ANIMAIS SOMOS MALDITOS -- 22/05/2005 - 09:05 (Jeovah de Moura Nunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




Para os animais somos malditos







A devastação da floresta amazônica chegou ao nível de um fanático sincretismo filosófico pela posse de novas terras, sendo os mais interessados nessa devastação os produtores de soja, somadas às outras correntes interesseiras. Esses indivíduos além de serem os mais favorecidos pelos empréstimos e investimentos dos bancos estatais, são também considerados pela mídia como os modernos bandeirantes. A soja, que pode ser chamada de o “ouro verde” da atualidade, a exemplo do café enriquece meia dúzia de gatos pingados, mas não mata a fome da maioria. Vai esse produto matar a fome das vacas e dos porcos na Europa e em países da Ásia, sendo também o ser humano daqueles continentes bons consumidores desse produto brasileiro, em face das ricas proteínas vitaminadas, em contraste totalmente absurdo com a expansão da fome e da miséria em todos os lugares do Brasil. Isto pelo simples fato do brasileiro detestar a soja como alimento. Triste sina a nossa! Morre-se de fome por falta de alimento, quando produzimos milhões de toneladas do produto mais satisfatório de todos os tempos, quando se trata de proteínas, capazes de se transformarem em óleo, leite, carne e uma lista enorme de pratos saborosos e bem aceito pelo organismo humano, sem problemas de colesterol, além do baixo custo em relação aos outros alimentos. Mas, nós brasileiros sem posses ainda damos preferência ao feijão gaseificado, contendo altas doses de ferro bem como o excesso de carne a entupir os condutos ao redor do coração com sebos e gorduras.



O programa “Fome Zero” do atual governo poderia ter um resultado espantoso de sucesso, se os produtores de soja não fossem tão gananciosos e retirassem um pouco do que exportam para o socorro dos necessitados no Brasil. Esses necessitados são assim porque nunca tiveram, nem mesmo em sonhos, as mesmas oportunidades que a mãe pátria deu para os grandes produtores. Até o governo faz o papel de mãe para eles, enquanto também se metamorfoseia em odiado padrasto para os necessitados. E estes têm culpa no cartório porque não assimilam a dieta alimentar da soja. Imaginamos, entretanto que a fome produz a coragem de comer qualquer coisa, até mesmo o que não se aprecia, a exemplo da soja. Posteriormente virá o hábito e o paladar acomoda-se ao novo alimento. Nos tempos ditatoriais foram encetadas algumas tentativas com relação a isso. Mas, foram infrutíferas. O consumidor de todas as classes não aceitou.



Mas, o assunto principal desta matéria é a devastação da floresta amazônica, que atingiu o absurdo de uma área do tamanho do Estado do Alagoas por ano. Ou para uma idéia melhor dos jauenses, uma área do tamanho da cidade de Jaú por dia. Quando se fala em “devastação” imaginamos apenas a destruição do verde. Esquecemos dos animais. Cada árvore é uma espécie de mansão para centenas e até milhares de grandes e pequenos animais. Desde os mamíferos até as mais variadas espécies de insetos, sem esquecer da infinidade de pássaros, dos ninhos repletos de filhotes, dos alimentos que a árvore fornece aos seus moradores e outras tantas oportunidades de sobrevivência dos animais. A árvore já possui o aspecto visual de um aconchego, de uma grande protetora, que acolhe quem quer que seja no intuito de sobreviver. Ela já acolheu nossos ancestrais no passado. Em troca, hoje estamos a destruí-las odiosamente.



Ao derrubar uma árvore o homem como sempre ignorante dos efeitos e das causas naturais, não percebe, nem deseja perceber, a quantidade de animais que estarão condenados a morrer. Espécies são colocadas por atacado no limite da extinção. É um verdadeiro holocausto, que nós, brasileiros, deveremos obrigatoriamente prestar contas, senão ao Criador de todas as coisas, o será à própria natureza, através das conseqüências funestas que o equilíbrio natural das coisas é forçado a realizar. Isto é simples e inexorável: a natureza tende sempre e eternamente ao equilíbrio. É neste equilíbrio que o homem padecerá de seus males praticados.



Em sendo a floresta amazônica a última floresta, ou a última fronteira entre nós e o maravilhoso mundo selvagem, ou ainda o “mundo nativo deste planeta”, haverá obviamente uma transformação catastrófica após ou ainda durante a destruição das últimas aglomerações de árvores nativas. Os americanos, assim como outros povos, estão de olho na Amazônia e já parecem entender, que uma intervenção na região está ficando mais importante do que a que eles fizeram no Iraque. Embora sejamos brasileiros de coração, não nos parece uma insensatez essa improvável intervenção, posto que nós estamos destruindo a floresta numa velocidade espantosa, provavelmente com receio dos interesses americanos. E para esta destruição o povo brasileiro está de cabeça baixa. Não protesta. Nada se propõe fazer. Está mais interessado em viver a boa vida brasileira. Esquece de que os netos e bisnetos não terão a atual boa vida dos avós e bisavós, quando a floresta houver desaparecido.



Talvez, entre os ricos produtores de soja e de outros grãos esteja o interesse e a esperteza sedimentada na seguinte sentença: “se eles (os americanos) vão de qualquer maneira, apossar-se da Amazônia, então é melhor que nós o façamos logo, enquanto é tempo”.



Só nos resta tentar entender, (ou saber), se os americanos apossando-se da Amazônia teriam a dignidade de conservar a floresta intacta, ou vão agir exatamente como nós estamos agindo, sem nenhuma dignidade, ao derrubarmos e queimarmos árvore por árvore, matando bilhões de pássaros, os mais dignos participantes da fauna brasileira. Muito mais dignos do que todos nós brasileiros juntos.



Eles, os pássaros, se pudessem falar protestariam em massa, chamando-nos de “malditos”.



(Jeovah de Moura Nunes)



artigo enviado ao jornal "CIDADE" recentemente.
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