Nós, brasileiros, somos os campeões do mundo no futebol. Fomos pentacampeões em 2002 e poderemos ser hexacampeões em 2006, próximo vindouro. Mas, também somos campeões em outros setores de nossa vida de grande país. A começar pelo tamanho. Pela enormidade da costa marítima. E por tantas e tantas outras coisas. Senão vejamos:
Somos campeões da carga de impostos praticados pelo governo, a qual torna-se, diante da realidade de 56 milhões de pobres e famintos, (outro campeonato vencido), uma espécie de verdadeira criminalidade e abuso de autoridade, que se qualifica aos olhos das democracias modernas e civilizadas existentes na Europa, como uma nova e esdrúxula democracia abraçada a uma ditadura, disfarçada de democracia das mais tristes do mundo. Eles, os europeus, devem ficar muito admirados de tanta complacência, ou benevolência dos brasileiros miseráveis com seus algozes, os quais retiram tudo o que podem do povo para encher as burras do poder e locupletar-se nas infinidades de corrupções a campearem pelo país inteiro. Talvez seja por isso que os estrangeiros fazem tanto turismo no Brasil: para ver de perto o rosto dos que sofrem e morrem felizes, agitando bandeirinhas verde-amarelas, mesmo com o estômago vazio. Neste caso, somos campeões de tolerância e exercício da bajulança.
Também somos campeões, (estamos em segundo lugar no mundo) da pior distribuição de renda. Talvez Adolf Hitler se vivo fosse, teria uma grande inveja de nossos presidentes, os quais conseguem manter a fome no país em larga escala; temos grupos de extermínio que executam cidadãos na calada da noite e cuja punição nunca existiu. O governo consegue extrair da sociedade brasileira uma fortuna imensa de impostos camuflados em tudo que se compra, além do abuso flagrante de impostos anuais escorchantes, difíceis da população pagar, (outro campeonato vencido). Muitos ficam devendo porque não conseguem atingir uma renda suficientemente digna. Passam então pela ótica do governo como pessoas que sonegam, (outro campeonato vencido). São processados e perdem a identidade de cidadão. Se alguém não declarar a renda anual, (que não possui), paga de multa quase duzentos reais. Valor este igual a 60% do salário mínimo. Ora, meu pai do céu, como pode alguém ganhando esta excrescência brasileira pagar uma multa de quase duzentos reais, somente porque não declarou quanto ganhou no ano anterior. O governo deveria pelo menos entender que o trabalhador com tal salário, não tem sequer tempo, nem dinheiro para se locomover até uma agência dos Correios, (onde campeia também a corrupção), para enviar uma declaração difícil de preencher e difícil de entender. O que dá asas aos aproveitadores de plantão, os quais para fazerem, (bem mal feita) uma declaração de renda, cobram mais ou menos 20 ou 30% do salário do trabalhador.
Nosso país também se tornou o campeão das falcatruas e das numerosas e contínuas corrupções. São os políticos que mais roubam no mundo, quando assumem o poder. Tal roubalheira na maioria dos casos não se consegue provar, ou é provado a duras penas. Quando é terminados os longos e profundamente estranhos processos, o acusado já viveu quase toda a vida gastando a fortuna que roubou do povo em alguma ilha das Caraíbas, ou mesmo no Brasil, rindo às bandeiradas do povo. E este mesmo povo, caso o criminoso volte a se candidatar, com certeza o elegerá. Há inúmeros casos no Brasil sobre a volta do criminoso ao poder. Somos – agora com a ajuda do povo – os campeões da impunidade. Não somente da impunidade, mas também da premiação que se concede aos políticos criminosos, reelegendo-os como os campeões da justiça.
Somos campeões da falta de atendimento nos órgãos de saúde. É nestes lugares onde se testa o que é feito pelo governo com o dinheiro do povo. E com o péssimo atendimento diário, (quando se é atendido), o povo fica sabendo o que é feito do que paga através dos impostos: NADA. São nestes lugares onde o brasileiro depois de uma vida inteira de trabalho mal pago, de adversidade moral, de aflição, angústia e amargura começa a morrer. E morre mal, sem assistência, sem nenhuma paz porque toda a família acompanha e se revolta com tamanhas injustiças sociais. Os filhos vêem nisto um sinal para a entrada na criminalidade, como objeto de vingança social. E hoje temos em toda parte uma criminalidade aumentando por conta dos exemplos, que vêm de cima e também da opulência, ou da abundância das ostensivas e grandes riquezas. Somos campeões das grandes fortunas, mas paralelamente a isso somos campeões da criminalidade, que cresce piramidalmente.
Seria bom se não fôssemos campeões de nada. Se fôssemos apenas um país de bons homens, bons políticos, bons cidadãos. Neste contexto, a gente acaba por lembrar que somos também os campeões da tolerância. Nunca, jamais, um povo foi tão cordeiro e tolerante, sem exercer a cidadania como o povo brasileiro. Tal atitude deixa os políticos felizes, sabendo que estão com a faca e o queijo na mão, prontos para continuarem suas roubalheiras em forma de ativa corrupção.
Brasil: o campeão de tudo, menos do bom senso e da efetiva cidadania.