993300>É costume dizer-se, defronte a incoerências que não convêm relacionar por sub reptício interesse pessoal, que "o cu nada tem a ver com as calças"... E tem, pois então não tem?!...
Apreciem pois então a curiosa e interessante narrativa que a seguir dou em tecla. Sobretudo relacionem o antiquíssimo acontecimento com a actualidade que vai decorrendo. Assim...
Entram no paço
Em ruidosa cavalgada
Apeiam-se ao portão
Matam toda a espanholada
Alguns fidalgos decididos
Após subirem a escada
Batem à porta
E aparece a criada:
- D. Miguel de Vasconcelos está?...
- Não... Saiu!...
- Não minta, a gente já o viu!...
- Ah... Ide por esse corredor adiante
E encontrá-lo-eis a ressonar...
Os valentes capitães
Com suas espadas nas mães
(esta foi para rimar)
Seguiram corredor fora
Bem atentos
Não fosse o traidor
Dar o fora:
- Truz-truz... Truz...
- Quem é?
Pergunta a duquesa
Que a mando de Filipe III
Era a regente da pátria portuguesa...
Fidalga de Mântua
E de esmerada cultura suiça
Nunca dissera porra
Dizia: chiça!...
Para Castela... Justiça
Porra... Porra... Porra pra ela...
Então de rompante
Os vingadores em alento
Entraram alcova adentro
Mas não encontraram o tratante...
E Miguel de Vasconcelos
Imaginando seu calvário
Borrava-se todo
Encolhido como um bobo
No canto dum armário...
D. Jorge de Melo
Sentindo o fedor no ar
Aponta ao armário e diz:
- É o nojento que se está a cagar!
Todos a uma pegando
Naquele móvel de outrora
Com força e jeito o arrastaram
E lançaram pela janela fora...
Logo então D. Antão de Almada
Retesando sua espada... Altaneiro
À despenteada duquesa dá voz de prisão
Apondo-lhe umas picadelas no traseiro...
Já sob triunfal aclamação
Desciam os fidalgos a escada
Bradando a independência da nação
E apalpando as grandes tetas à criada
Em altos brados lusitanos
Proclamam o fim da espanholada...
Deixando à criada de fora os marmelos
E fitando Miguel de Vasconcelos
D. Miguel Almeida
Deu-lhe dois pontapés na peida
E trespassou com a espada o traidor
Pois já era insuportável o fedor...
De braços abertos ao espaço
Volta-se para o povo e berra:
- A independência é de novo real... Real...
Viva D.João IV... El-rei de Portugal!...

Em tempo oportuno ver-se-à como tem e nada lhe adiantará dizer que não. Entretanto, ao pensar no óbvio desiderato, vá-se borrando todo...
António Torre da Guia
O Lusineiro
Som = Tema clássico ao piano |