993300>Leiam aqui, cidadãs e cidadões do Brasil: Lula está dizendo que "cortará na própria carne se necessário", a propósito dos casos de corrupção que têm envolvido o seu Governo, e lembra que "tem sobre os ombros responsabilidades que vão muito para além das instituições, sejam elas quais forem". Explica "que irá honrar o património histórico de defesa da ética política". Não se perca no avanço do texto esta última frase, logo que o "paradoxo-ao-mesmo-tempo" surgir.
Lula, para tentar sedimentar seriamente o que diz, refere que "não se deverá esperar dele nenhuma medida simplesmente populista, somente porque se está muito próximo de novas eleições". Esclarece que "independentemente do uso político-eleitoral que alguns estão a fazer no seu Governo, levará as investigações até ao fim", recordando que "foi para isso que jurou a Constituição, a qual lhe atribui a missão de ser o principal guardião das instituições como funcionário público número 1".
Eu, expressa geometricamente por muitos outros em quejandas circunstâncias, já ouvi a mesma lengalenga dezenas de vezes e nas mais diversas línguas... E interrogo-me: para quê mencionar uma atribuição que está mais do que implicita nas funções que um presidente eleito pelo povo deverá incontornavelmente desempenhar?
Mais adiante, Lula reconhece - atente-se bem - que "não é possível anunciar medidas que, por si só, eliminem de uma vez por todas a corrupção" e diz exactamente: "Não serão panaceias que nos ajudarão a enfrentar problemas que se arrastam por décadas, quando não por séculos".
Eis pois em evidência o paradoxo: em princípio Lula afirma que "irá até ao fim" e depois, pasme-se, volta para trás, desde logo mostrando-se impotente para enviar para a prisão uma centena de importantes ladrões do Estado, os quais - quanto a mim - sequer uma mínima parte assentará o cagueiro no mocho, pelo contrário, não tardarão em reocupar cimeiras posições onde continuarão impunemente a roubar.
Que excelente seria que eu me enganasse e passasse por um babaca cheio de pedra, ou de caca, na testa. Mas, infelizmente, o vira-aqui e o samba-aí têm ambos os mesmos sinuosos ritmos... E o povo dança:
Mamã eu quero
Mamá eu quero
Mamã eu quero mamar...
Na chucha zero
Na chucha zero
Até o zero um dia esvaziar!...
António Torre da Guia
O Lusineiro
PS =
Toninho = Até prova em contrário a suposição é sempre inocente...
Tadeu = Vai à casinha... Tonho... |