"O amor é fogo que arde sem se ver"
Esta afirmação, além da magnífica expressão que deveras é, constitui um verso gigantesco e, à época em que foi concebida, há exactamente 525 anos, surpreende ainda mais, logo que se calcula quanto enlevante era então o domínio poético do autor que perfurou a densa barreira de todos os outros idiomas, implantando definitivamente a língua portuguesa no mundo.
Lendo-a afeiçoada e profundamente, até apetece tomá-la por base derivante para outras idênticas locubrações:
É combustão invisível... O amor...
Chama que aquece ou queima inflamante
E de tal modo crepita em destemor
Que até gera o ódio alucinante...
Todavia, hodiernamente e apesar da potência dos meios de comunicação, há por esse mundo fora milhões e milhões de vidas que ainda não entendem o "magnífico-horror" do fogo que se não vê. Há até alguns ditos mestres da linguagem que, por irresponsável egoísmo, intentam afastar das escolas Camões para implantarem ridículas alternativas que, por esconsas vias, lhes proporcionam rendimento monetário. Comigo, ante tão ínvio descaro, não ensinariam mais nada oficialmente.
António Torre da Guia