O favorecimento político, a corrupção e o tráfico são heranças malditas do povo brasileiro. Começou com o "achamento" do país pelos portugueses, que para cá enviaram a escória de sua degenerada sociedade - os ladrões e os assassinos - no intuito de povoar a nova terra e criar uma "ponte" entre os nativos e os interesses espúrios da Coroa.
O escrivão Pero Vaz de Caminha, autor da notícia da nova terra, encerra o relato ao rei com um pedido: "E, pois que, Senhor, é certo que assim neste cargo que levo, como em outra qualquer coisa que de vosso serviço for, Vossa Alteza há-de ser de mim muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da Ilha de São Tomé Jorge de Osório, meu genro, o que d Ela receberei em muita mercê". E essa prática tornou-se regra, basta acompanhar as lides de ACM, legítimo herdeiro da política do "dar e receber", e da maioria dos políticos brasileiros. O Brasil nasceu na Bahia. A corrupção também! Com certeza, essa não é uma regra geral do povo alegre da Bahia, mas sim de seus dirigentes.
Desde o "achamento", segundo historiadores, por mais de três décadas o litoral brasileiro ficou totalmente desguarnecido, visto que Portugal estava com seus olhos voltados para a rica Índia. Assim, a nova terra tornou-se alvo das incursões de traficantes da França, cuja riqueza atual se fez à custa do espólio de populações nativas das Américas e da África. Aliás, portugueses e franceses foram pioneiros na prática de etnocídio e de destruição do meio ambiente dos territórios por onde andaram. Basta lembrar a apreensão de uma nau francesa, de nome "Peregrina", feita pelos portugueses em Málaga, em 1532, abarrotada com 15 mil toras de pau-brasil, três mil peles de onça, 600 papagaios e 1,8 tonelada de algodão, além de especiarias da Índia e amostras de minérios. Na época, o Brasil era conhecido também pelo nome de "Terra dos Papagaios", cujos exemplares valiam fortunas na Europa. Era comum ver marujos e piratas com seus papagaios falante no ombro.
Martim Afonso de Souza é um dos mais famosos assassinos e ladrões portugueses. Chegou no Brasil em 1531, mas anos depois foi para a Índia, governando-a por três anos e lá fazendo sua riqueza pessoal. Na esquadra, entre os passageiros estava o jesuíta Francisco Xavier, um dos fundadores da Companhia de Jesus e que virou santo. É de sua autoria relatos que dão a medida exata da ladroagem dos portugueses que governaram a Índia naqueles tempos. Veja este exemplo: "Não permitais que nenhum dos vossos amigos venha para a Índia com cargos e nomeações do rei, pois dessas pessoas se pode com verdade dizer: Riscai-os do livro dos vivos e não os deixeis entrar no livro dos justos . Porque os que aqui estão têm arreigado hábito de abusarem dos seus deveres - para o que não vejo remédio, pois todos seguem pelo mesmo caminho do roubo eu, roubas tu . É para mim contínua maravilha ver como os que vêm de Portugal encontram tantos modos, tempos e particípios para conjugar esse verbo roubar ; e os que vêm com nomeações para esses cargos têm tanta pressa que nunca se moderam, por mais que guardem para si. Por isso agora talvez compreendais como partem mal deste mundo para o outro essas almas providas de tais nomeações".
Os povos indígenas que habitavam o litoral brasileiro, no primeiro século de contato viraram mão-de-obra barata dos traficantes franceses e dos portugueses no corte do pau-brasil em troca de machados de ferro, espelhos e outras bobagens. As rebeliões indígenas eram punidas com o extermínio. Em 1560, o primeiro governador do Brasil, Mem de Sá, fez um relato que deixam os carrascos nazistas corados: "Na noite em que entrei em Ilhéus, fui a pé dar em uma aldeia que estava a sete léguas da Vila...E a destrui e matei todos os que quiseram resistir. Na vinda, fui queimando e destruindo todas as aldeias que ficaram para trás. Então se ajuntaram e vieram me seguindo ao longo da praia outros gentios. Fiz algumas ciladas...de modo que nenhum tupiniquim ficou vivo. Mandei reunir os corpos e colocá-los ao longo da praia, em ordem, de forma que tomaram os corpos alinhados perto de uma légua..."
Assim foi a conquista do novo território: a ferro e a fogo! Hitler parece ter sido uma encarnação desse português pelo requinte de crueldade no etnocídio indígena.
Recentemente, pesquisadores de Minas Gerais reuniram amostras de sangue de brasileiros brancos de todas as regiões para definir o grau de miscigenação do nosso povo através de análise do DNA. Chegou-se à conclusão que, em média, 70% do sangue são repartidos entre negros e índios e o resto de origem européia, a nossa banda podre.
Nestes quinhentos anos, o povo brasileiro tem convivido com a maldita herança da corrupção e do favorecimento da chamada elite, os brancos, em cujas mãos se concentram a maioria das terras e riquezas. Nos últimos meses, os jornais trazem informações sobre corrupção de juizes, governadores e outros políticos, que continuam a conjugar o verbo roubar em todos os tempos e particípios, como dizia São Francisco Xavier. Basta ver as trocas de acusações entre os senadores ACM e Jáder Barbalho, o escândalo do prefeito de São Paulo, Celso Pitta, e de outros casos escabrosos aqui no DF. Será que um dia isso vai ter fim?